Eu não
deveria dizer essas coisas, não é politicamente correto. Mas, eu sou
politicamente incorreto. Então, sincero como sou, digo que acho estupidez,
hipocrisia, pessoas lotando cemitérios no Dia de Finados para reverenciar seus
mortos. Tem até quem contrate gente pra fazer manutenção em túmulos, lavar,
colocar flores e o escambau. Pra que, meu Deus? Ali só existe matéria em
decomposição. A essência, o espírito (ou, ala, como queiram), não está mais
ali. Já foi para o lugar que lhe é de direito. E olha, o que deve ter de gente
ali chorando lágrimas de crocodilo é uma grandeza. Muitos não deram a menor
atenção ao seu parente ou amigo, enquanto em vida, e depois que eles se vão, é
que tentam demonstrar amor, apreço. Se existe amor mesmo, ou querem demonstrar
arrependimento por algum motivo, orem. Orem pedindo perdão, orem pedindo
proteção, paz para quem partiu. E isso pode ser feito em casa mesmo, mas, se
preferem, num templo de orações.
Aí eu fico aqui lembrando de pessoas que conheço ou conheci, que reverenciam seus mortos em cemitérios, tem suas casas cheias de imagens de santos, fazem rituais religiosos, tudo só de aparência, porque, intimamente, não acreditam em nada daquilo. Nada de vida após a morte, nada de Espírito Santo, nada enfim. Para essas pessoas, morreu, acabou tudo. Não digo que não existam aqueles que acreditam mesmo no poder de imagens, mas, para uma grande parte, aquelas imagens de santos, quando não são peças que se constituem em patrimônio em forma de valiosas obras de arte, servem apenas para dar sustentação à falsa imagem que pretendem passar para as demais pessoas sobre o seu caráter pessoal. Como o fazendeiro que perguntou ao filho por que algumas pessoas tinham tanto conhecimento. O filho explicou que isso se devia aos livros. Muitos livros. O velho foi à cidade encomendou um monte de livros e mandou um carpinteiro fazer uma estante na sala da sua casa. Quando os livros chegaram e foram arrumar, os empregados informaram ao coronel que o espaço entre as tábuas da estante era pequeno e não cabia os livros. E o velho deu logo uma solução: “Cortem os livros”!
Um pouco
mais de verdade nos sentimentos e atitudes, só nos faz bem. Quando penso nisso
sempre me acode a frase: “Pra ser feliz com mentiras, melhor que eu chore com
fé”. Contrabandistas costumavam levar ouro de um país para outro, embutido em
imagens de santos esculpidas em madeira. Os chamados “santos do pau oco”.
Quando vejo essas pessoas de falsos sentimentos chorando, orando em voz alta
para que todos vejam o quanto são “sensíveis” e quão grande a sua “fé”, penso comigo
mesmo: Ali vai um Santo do Pau Oco.
Um comentário:
Excelente texto. Elucidativo Parabéns
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