segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Sara não era esposa de Raquel nem Antonio conselheiro esteve em Feira

Ninguém está livre de cometer erros, os mais famosos profissionais da Imprensa cometeram e ainda cometerão erros. No rádio e na TV é pior, porque uma vez dada mancada fica difícil consertar. Jornal já é mais fácil, porque com um pouco de atenção se pode consertar um erro antes de publicar, e se tiver uma boa revisão fica melhor. Mas, mesmo assim, os bons editores sabem que devem ler tudo que vão publicar, sob pena de deixar passar erros irreparáveis.

Maura Sérgia certa vez entrevistou o artista plástico feirense, Herivelton Figueiredo, preparou o texto e entregou para o editor do jornal Feira Hoje, que na época era o conceituado jornalista, muito gozador, José Carlos Teixeira. Pouco depois Teixeira entrou na redação e perguntou: “Maura, você esteve em algum centro espírita”? Meio surpresa, ela disse que não e quis saber o porquê da pergunta. “É que eu estou sem entender como foi que você conseguiu entrevistar Herivelton Martins”, disse ele dando risada. 

         Eu tenho o bom hábito de ler tudo que vou publicar, mas mesmo assim dou minhas mancadas. E uma vez eu fiquei numa saia justa danada. D. Itamar Vian, nosso arcebispo, havia me enviado por e-mail um texto para ser publicado num caderno especial que eu estava fazendo para a Tribuna Feirense sobre a Festa de Santana.

         Pela lógica, eu nem precisaria revisar o texto, pois D. Itamar é muito cuidadoso com o que escreve. Mas, o velho hábito me livrou, aliás, livrou a mim e a ele de uma gafe danada. Num certo trecho do texto estava escrito: “...Sara, esposa de Raquel...” (??!!). Pensei cá comigo que naquele tempo, supostamente, mulher tinha que ser fêmea e homem tinha que ser macho. Mas D. Itamar havia viajado. E agora? O jornal teria que seguir para a gráfica no dia seguinte.

         Dizem que cabeça não foi feita só para usar chapéu. Li o texto todo e notei que o trecho em questão fora sacado do livro de Tobias. Peguei minha velha Bíblia e abri no livro de Tobias. Logo achei: Sara, esposa de Raguel. Entendi logo o que ocorrera. O computador não reconheceu Raguel e corrigiu automaticamente para Raquel, sem que D. Itamar tivesse notado.  Já pensaram se eu publico um texto insinuando que personagens bíblicos eram homossexuais? Eu, hem?

         Quem se safou também com uma gafe de um “foca” (jornalista novato) foi Anchieta Nery, quando era editor do jornal Feira Hoje. Ele mandou o foca cobrir uma exposição que UEFS estava promovendo no saguão do Paço Municipal. Um artista plástico baiano fizera uma série de quadros retratando a guerra de Canudos e seu principal mentor, Antônio Conselheiro.

         Lá chegando, o repórter procurou o reitor da UEFS, que na época era o professor José Maria Nunes Marques, e o entrevistou sobre o evento. Finda a entrevista, ele perguntou se o homenageado, “Senhor Antônio Conselheiro” estava presente ao evento. Zé Maria, que era muito sério, mas também gostava de uma pilheria, disse que sim e apontou o artista plástico como sendo o dito cujo.

         O artista também era gozador, e quando o repórter o chamou de “Senhor Antônio Conselheiro”, e perguntou sobre como ele estava se sentindo com aquela “homenagem”, ele entrou no clima e deu a entrevista como se ele fosse realmente Antônio Conselheiro. O rapaz voltou para o jornal, preparou a matéria e entregou a Anchieta.

         O repórter já estava se preparando para ir embora quando Anchieta entrou na redação aos gritos: “Ô seu maluco! Você quer acabar comigo? Onde foi que você encontrou Antônio Conselheiro para entrevistar? Foi num terreiro de Candomblé”?

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