*Nova Musa*
Jóquei Clube de São Paulo – Salão de festas, lotado. Ela surgiu, como se viesse do nada, em noite de setembro de 2003. Pequena e diáfana, mantinha-se quase oculta por um manto de vestal e um mundo de adornos.
Disputadíssima, todos requeriam sua atenção e companhia.
Seu semblante revelava um quê de mistérios zodiacais.
Não tinha os românticos desencantos de uma Julieta sem Romeu. A cabeça, levemente inclinada, acenava sutis concordâncias a previsíveis pensamentos. Centro das atenções, seu brilho ofuscaria uma constelação, se lá houvesse.
Imperturbável e majestosa, aguardava pacientemente, onde se postara, o cumprimento de todos. Sabia ser desejada, objeto de prazer.
Seu olhar prenunciava sensações, premiadas por sabores ainda incógnitos.
Sua marcante presença e aromática fragrância inebriavam o ambiente.
Em ‘aplomb’, superava qualquer napoleônica Josefina e em garra, causaria inveja a uma Quitéria, Maria baiana de causas libertárias.
Seu anel emoldurado, lembrando um camafeu, andou por todas as mãos e aproximou-se de todas as bocas.
Um tempo novo inaugurava-se.
Exuberante, tropical e ‘amadiana’
beleza.
Lirismo de musas parnasianas.
Minha nova musa, desde então.
Meu novo charuto, para sempre.
Dona Flor.
Hugo A. de Bittencourt
Carvalho,
economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos Menendez &
Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.
http://livrodoscharutos.blogspot.com
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