sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A orgia dos farsantes



“Eu quero ler o coração dos comandantes, condenando seus soldados pela orgia dos farsantes”
Cordilheira, de Paulo César Pinheiro, imortalizada na voz de Simone.





Eu ainda era um jovem combatente contra a ditadura militar, quando comecei a descobrir a farsa dos ícones da esquerda brasileira. Percebi, na época, que o que legitimava o governo militar era a presença de políticos de esquerda ocupando cargos eletivos. Ora, se era uma ditadura, não poderia haver eleições e, muito menos candidatos de oposição. Mas, havia eleições e muita gente passou anos ocupando cadeiras nas Câmaras Municipais, na Câmara Federal ou no Senado, sem falar nos prefeitos e governadores eleitos pelos partidos ditos de “oposição”.
E hoje, vendo os rumos que tomaram os líderes daquela dita “oposição”, percebo como fui enganado por um tipo de gente que não tem outro compromisso a não ser com os seus próprios interesses. Hoje em dia eles não mudam apenas de partido. Mudam de ideais, de princípios, de opinião, de discurso, de nome e até de família, para adaptarem-se à realidade que melhor lhes convém. Cinicamente negam tudo o que foram, que fizeram e disseram no passado, como se a história não fosse testemunha e não tivesse registros dos seus atos e atitudes.
E o que me dá pena mesmo é ver a legião de zumbis que ainda os segue, babando e abanando o rabo à volta destes farsantes, esperançosos de abocanharem alguma migalha que porventura caia dos seus faustos banquetes. Iludidos qual mariposas atraídas pelas luzes, lançam-se espontaneamente às fogueiras acesas com o único objetivo de iluminar os caminhos dos seus comandantes.
Morrem. Felizes, mas morrem, acreditando que fizeram parte de algo, que foram respeitados e ouvidos pelos seus líderes, e que cumpriram o seu dever com honra e dignidade. Seus filhos estão morrendo como moscas, vítimas do pouco caso que os governantes fazem das suas vidas. Não têm moradia, não têm saúde, não têm educação, não têm trabalho que lhe possa sustentar e dignificar a existência.
Agora mesmo surgiu uma tênue luz no fim do túnel, que poderia salvar e dar sentido á vida de muitos jovens, através de um mecanismo simples que ficou conhecido como “Toque de Acolher”. Mas a plebe ignara ainda acredita na farsa dos seus comandantes, que se utilizam dos argumentos mais estapafúrdios para refutar uma ação tão simples, mas que se tem mostrado tão eficaz.
Está claro que estes farsantes não querem uma juventude consciente, politizada, livre das drogas, prenhe de educação e conhecimento. Isso seria um perigo para os seus interesses, para se manterem em suas altas posições, embora não as mereçam. Interessa-lhes, isso sim, uma juventude alienada, burra, ignorante e drogada, que mais tarde serão seus soldados a combater por eles numa guerra sem sentido, desprovida de argumentos que a justifique. Uma guerra com o único propósito de manter os comandantes seguros e felizes na sua infernal e interminável orgia.

Um comentário:

Lia Sergia Marcondes disse...

Não sou direitista, nem esquerdista. Não sou a favor de partido algum.

Sou a favor das pessoas. Todas... E acho que os políticos brasileiros, de qualquer partido, não tem - em sua maioria - agido em prol da população, e sim de seus interesses pessoais e da sua perpetuação no poder.

Desta forma, a descrição que você deu, para mim, corresponde à descrição da maioria dos políticos que temos no Brasil. Digo "maioria" porque ainda tenho alguma esperança em meia dúzia deles.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos...