
A gente monta um evento com o intuito de ganhar algum dinheiro. É justo. Afinal, ninguém trabalha de graça. Além do mais, há um investimento. Você põe dinheiro seu na esperança do retorno, com lucro, é claro. Até mesmo os eventos ditos filantrópicos precisam dar lucro, porque é com o lucro que se fará a tal filantropia para os necessitados. Mas, em Feira, até em eventos filantrópicos as pessoas não querem meter a mão no bolso.
Para se ter uma ideia do que é Feira de Santana, quando se trata de pagar por alguma coisa, vai aqui uma história: Quando o empresário Pedro Irujo fechou o jornal Feira Hoje, um grupo de próceres da sociedade feirense foi procurar o empresário Alfredo Falcão, que já havia sido dono do jornal, para dizer que Feira de Santana não poderia ficar sem o seu tradicional jornal diário. E sugeriram que fosse formada uma comissão para ir até Pedro Irujo e cobrar do mesmo a reabertura do jornal.
Alfredo Falcão disse que topava, mas que já sabia qual seria a resposta de Irujo. “Ele vai nos entregar as chaves do jornal e dizer que a gente pode usar tudo que tem lá, máquinas e equipamentos, e botar o jornal na rua sem ter que pagar nada a ele. Mas nós vamos ter que assumir o jornal, inclusive botando dinheiro do nosso bolso, porque o jornal não dá lucro. Se vocês toparem eu também topo. Vamos lá agora”.
Foi aí que um lembrou que sua avó iria parir naquele dia, o outro disse que seu gato de estimação tinha caído do telhado, e em meio às mais estapafúrdias desculpas, todos debandaram e não se falou mais nisso.

Nesta quinta-feira (22), ele chegou ao jornal pela manhã aporrinhado. Segundo ele, não aguentava mais com tantos pedidos de camisas de graça, e o que é pior, a maioria partindo de gente que pode pagar. “Rapaz, eu estava dormindo quando o telefone tocou. Eram três horas. Atendi ao telefone preocupado, pensando que era alguma coisa séria. Mas não. Era um amigo (muy amigo) me pedindo duas camisas para a Feijoada. Mandei-o, delicadamente, ir tomar no fio-o-fó, bati o telefone e tentei dormi de novo. Não consegui mais. Estou aqui no bagaço”.

Ele topou a ideia. Falamos com Dr. Outran e ele providenciou tudo. Zé Coió chegou lá, levaram ele direto pro apartamento e proibiram visitas. Dormiu como um bebê. Lá pelas três da madrugada, um enfermeiro veio lhe acordar. Assustado, ele pensou que tinha dormido tanto que já era sábado, mas viu tudo escuro e perguntou ao enfermeiro o que era que estava acontecendo.
- Que foi? Vai me dar algum remédio?
- Não seu Zé Coió. É que eu soube que o senhor estava internado aqui e aproveitei para ver se o senhor não me dá cinco camisas para a sua Feijoada. Eu tenho mulher e três filhos.
Foi assim que Coió foi realmente internado na UTI, preso numa camisa de força. Surtou.
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