quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Dia mundial do amarelo empapuçado


          Quando perguntaram ao ator americano Morgan Freeman sobre o que ele acha do Dia da Consciência Negra a resposta foi imediata: “Ridículo”! E eu concordo plenamente. Antes, porém, devo dizer que Deus me deu muitas graças, e uma delas foi ter quatro irmãos negros. Isso me tirou o desejo e o direito de ser intolerante. Eu não faço discriminações de raça, sexo ou religião. Encaro todos os seres humanos como filhos de Deus, meus irmãos.
         Contudo. tenho a sensatez de reconhecer que há pessoas boas e más, independente da cor da pele, da orientação sexual ou religiosa. Independe também da situação financeira ou posição social. Somos todos seres humanos, portanto, falhos, imperfeitos, sujeitos a tentações de arrogância, prepotência, vaidade e todos os demais sentimentos que acometem a nossa alma e nos divide em pessoas boas ou más.
         Eu não tenho o perfil de um branco caucasiano, de cabelo liso e loiro com olhos azuis. Mas nesse país de raças miscigenadas, por ter a pele clara e olhos verdes, sou considerado branco. E já fui, e atualmente sou mais ainda, discriminado por negros. Já comi o pão que o diabo amassou, sofrendo discriminação em locais de trabalho onde a maioria do quadro funcional era composto por negros. Perdi, inclusive, algumas promoções. Já fui discriminado até por amigos negros em determinadas ocasiões.
         Mas, como eu disse antes, Deus me concedeu muitas graças, e uma delas é a de não guardar rancor no meu coração. Muitas vezes me fiz de desentendido diante de alguma discriminação, até para não ferir o sentimento da pessoa que estava me discriminado, expondo sua falta de caráter publicamente.
         Não sou santo. Não sou perfeito. E por isso mesmo muitas vezes me vi reagindo a uma agressão de forma agressiva também. Nestas ocasiões, esperei a raiva passar e orei pedindo a Deus perdão pelo erro e força e sabedoria para não voltar a cometê-lo.
         Não trago culpas na consciência porque não sou eu quem separa as pessoas pela cor da pele, não crio cotas para negros, índios ou brancos. Não escravizei ninguém, não espanquei ou matei homossexuais, não exijo privilégios por conta da cor da minha condição social ou da cor da minha pele. E, acima de tudo, reconheço os meus erros e sei pedir perdão sem nenhuma dificuldade, entendendo e aceitando se a pessoa a quem possa ter ofendido, não me perdoar.
         Aconteceu uma coisa comigo que eu gosto de contar quando trato desse assunto, a título de humor. Foi quando ainda era um adolescente cursando o ginasial. Eu queria namorar uma menina e passei uma cantada nela que reagiu com raiva e desprezo: “Sai daqui seu amarelo empapuçado”. A partir daquele dia assumi aquela como a minha cor oficial.


Artigo publiccado há 5 anos.


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