segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O altruísmo existe mesmo?


        
Hoje, 13 de novembro, comemora-se o Dia Mundial da Gentileza. A celebração tem relação direta com o World Kindness Movement (WKM), entidade que incentiva, no mundo, ações de construção de uma vida mais amável. Em novembro de 1998, na I Conferência Mundial do Movimento, foi definida a data para o World Kindness Day (Dia Mundial da Gentileza). Mas, será que o altruísmo existe?

              Embora muitos cientistas nos considerem seres essencialmente egoístas, pesquisas provam o contrário. Antropólogos e historiadores mostram que os homo sapiens já dividiam a carne da caça e os produtos da coleta entre eles na hora de comer. Contudo, para alguns pesquisadores quando o homem faz o bem apenas para seus conhecidos e semelhantes isso pode ser considerado cientificamente como nepotismo.

O texto de Jerônimo Teixeira "A evolução da bondade", publicado na Super Interessante diz o seguinte:
 "Muitos biólogos acreditam que somos todos seres egoístas, que buscam apenas espalhar os próprios genes e perpetuar a linhagem a que pertencemos - até em nossos atos mais benevolentes. Mas será mesmo que não existe altruísmo? Novas pesquisas mostram que a evolução pode se dar em termos bem mais caridosos do que costumamos imaginar”.
É uma ironia amarga que ainda seja necessário promover campanhas contra a fome. Se você reparar bem, os hábitos sociais da espécie humana são de uma generosidade proverbial no que diz respeito à comida. Em virtualmente todas as culturas, grandes festas são acompanhadas de comilança. Estamos sempre oferecendo comida aos outros, seja na forma de um casual chiclete ou de uma recepção formal. E quem já não entrou numa daquelas ridículas disputas para pagar a conta no restaurante? O problema é saber se essas práticas sociais realmente se qualificam como exemplos de generosidade. Em inglês, um ditado muito corrente no mundo dos negócios diz que there’s no free lunch – traduzindo, "não existe almoço grátis". Se um conhecido que você não vê há anos resolve convidá-lo para um churrasco, a desconfiança é imediata – será que ele vai pedir dinheiro emprestado?
            Existe ou não almoço grátis? Esse é um dos grandes debates da biologia contemporânea. O gesto desinteressado do verdadeiro altruísmo parece ser uma impossibilidade evolutiva. Um comportamento só pode ser qualificado de altruísta se ele traz benefícios para os outros e custos para quem o pratica. Ou seja, o altruísta está diminuindo sua aptidão para favorecer a dos outros. Suas chances de sobreviver e de reproduzir são menores, enquanto todos os demais – inclusive os egoístas – levam vantagem. A longo prazo, o altruísta deveria ser levado à extinção, deixando o campinho livre para que o egoísmo grasse como erva daninha.

            A luta pela sobrevivência parece favorecer mais os George Soros do que as madres Teresas. E, no entanto, ainda existem altruístas entre nós (ou não?). Como pode ter evoluído uma característica que parece antievolutiva? Há várias explicações. Antes de voltarmos ao almoço, é preciso remontar à história dessa discussão na biologia.



Egoísmo molecular
            Para o biólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, Estados Unidos, a evolução do altruísmo é o problema teórico central da sociobiologia, ciência que busca entender em bases biológicas o comportamento social de animais. A questão já intrigava o próprio naturalista inglês Charles Darwin, que em 1871, na obra A Origem do Homem, utilizou a seleção de grupo para explicar a evolução da moralidade humana. O comportamento moral, ensina Darwin, não traz vantagem para o indivíduo, que lucraria mais desobedecendo as regras para agir de acordo com sua vontade própria. Mas uma tribo regida por valores que enfatizem "o espírito de patriotismo, fidelidade, obediência, coragem e solidariedade" certamente será mais coesa e organizada e assim terá maiores chances de vitória na disputa por recursos naturais ou territórios com tribos menos virtuosas. A seleção natural, portanto, agiria não somente sobre indivíduos, mas também sobre grupos competidores.

            Darwin, no entanto, colocava mais ênfase na seleção individual, na luta de cada um contra todos, e não desenvolveu plenamente o conceito de seleção de grupo.



Essa matéria foi publicada há cerca de 5 anos, mas, estamos repetindo por considerar atual e interessante. (http://super.abril.com.br.)

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