terça-feira, 17 de abril de 2018

Como usar brincadeiras para ensinar habilidades essenciais a crianças, segundo Harvard


Pensar antes de agir, planejar e traçar objetivos, focar a atenção, ser flexível e controlar as emoções são habilidades consideradas essenciais na vida adulta, e pesquisas científicas mostram que elas devem ser ensinadas desde cedo.
Em Harvard, o Center on the Developing Child, que estuda desenvolvimento infantil, preparou um guia para ensinar pais, professores e cuidadores a estimular, em crianças de todas as idades, essas que são chamadas de funções executivas - ou de "habilidades para a vida".
"São habilidades para a vida porque são importantes para qualquer emprego, para buscar objetivos, para ser pai e mãe ou para cumprir múltiplas tarefas simultaneamente, por exemplo", diz à BBC Brasil o médico Jack Shonkoff, diretor do centro de Harvard. "Não são conceitos novos, mas com o avanço da neurociência passamos a entender como eles impactam o desenvolvimento."

O centro equipara as funções executivas a um sistema de controle de tráfego aéreo, que gerencia diversas informações ao mesmo tempo e tem de tomar decisões com base nelas.
A ausência de funções executivas bem desenvolvidas resulta em adultos menos produtivos, menos hábeis para o trabalho em equipe, com piores autocontrole e traquejo social.
Shonkoff destaca que essas funções se desenvolvem desde a infância até o início da vida adulta, mas é crucial formar uma base desde os primeiros meses de vida da criança, porque, quanto mais essas habilidades forem praticadas, melhores elas serão. "Sem essa base, será mais difícil aprender mais adiante."
O desenvolvimento de funções executivas também pode ajudar as crianças a entender suas emoções e aprender a controlá-las - um auxílio importante para pais contornarem problemas comportamentais ou disciplinares.

'Todos pagamos o preço'
O Center on the Developing Child destaca que, quanto mais crianças desenvolverem esse tipo de habilidade, melhor será para todo o mundo.
"Quando nos asseguramos de que as crianças tenham sólidas bases (socioemocionais), toda a sociedade se beneficia", agrega Shonkoff. "Porque todos pagamos um preço quando há adultos com baixo controle de seus impulsos ou que não sejam bons pais."
Pais e cuidadores têm um papel crucial, porque as funções executivas não se desenvolvem automaticamente, ao contrário de andar ou falar - que a criança aprende só de observar os adultos. Ela precisa de mentores que as ensinem a controlar seus impulsos ou a seguir regras - e que se assegurem de que o ambiente seja adequado.
"Em ambientes imprevisíveis, instáveis e inseguros para as crianças, é mais difícil fomentar habilidades executivas, porque o estresse tóxico impede o desenvolvimento de circuitos no cérebro", explica Shonkoff.
Por isso, um dos focos do centro de Harvard é estudar formas de intervir de modo eficaz em lares de pais excessivamente imprevisíveis, violentos, com histórico de vício em drogas ou com questões de saúde mental - e que, por isso, podem não conseguir criar um ambiente para que seus filhos as aprendam, gerando um círculo vicioso.
"Programas de combate à pobreza muitas vezes são ineficientes quando ignoram (o estado socioemocional) dos pais ou apenas lhes dão conselhos como 'leia para seus filhos'", prossegue o médico. "É preciso buscar novas abordagens, que ajudem os pais a mudar suas vidas e a quebrar esse ciclo."
Shonkoff destaca que todas as crianças nascem com o potencial de desenvolver essas habilidades, e cabe aos contextos onde ela está inserida - casa, escola e comunidade - estimulá-las para tal.
Click no link e confira dicas do Center on the Developing Child para fomentar isso em bebês, crianças pequenas, crianças maiores e adolescentes.

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