
Estruturalmente, a
democracia, estabeleceu, ou tentou, um sistema de pesos e contrapesos
que permitissem o equilíbrio entre o Executivo, Legislativo e Judiciário,
divisão que vigora a maior parte de nossa existência. Na interface com
estes elementos centrais, alguns outros, foram sendo criados e exercem
influências variáveis como fazem a Polícia, o Ministério Público e a
Imprensa, por vezes chamada de quarto poder. Não a toa, Churchill,
dizia: " não há opinião pública; há opinião publicada".
O cidadão sempre foi a opinião publicada, por outros, afinal, exceto em
momentos esparsos de conflitos revolucionários, raramente ele
encontrava maneiras de representar sua opinião. O advento da internet e
sua filha serpente- as redes sociais- tornaram cada cidadão uma opinião
pública, frequentemente inconciliável com as demais e que reage,
geralmente de modo feroz, quase irracional e até violento, a qualquer
discordância ou tentativa de contra-argumento.
Alguns acham que
as redes sociais deram origem a esse modelo fragmentado, reacionário,
jacobino e eivado de rancores. Não acredito. As redes não inventaram um
novo humano, um cidadão anti-social, com fragmentos de cérebro
reptiliano e que mais reage que analisa. É o mesmo, lamentável, humano
de sempre, com suas pulsões freudianas em plena efervescência, a achar
que sim, o inferno são os outros.
Apesar do Papa ter desmentido a
existência do inferno, recentemente, sabemos que ele está por aí, como
antítese a toda ação positiva humana. Assim, os aspectos negativos da
rede advindos dessa desnudação pública do comportamento humano, estão aí
para contrabalançar sua ação positiva.
Um deles é a exposição
continuada das entranhas do poder, em suas piores ações, gerando uma
resposta da opinião pública - e não mais, apenas, da opinião publicada,
com seus interesses próprios- criando um novo protagonista entre os
três poderes.
A esta exibição o poder Legislativo tem respondido
com covardia e indiferença para tentar preservar seu status quo de
patrimonialismo e devassidão ética; o Executivo, fica a espera de um
franco-atirador capaz de não se importar com a voz rouca dos teclados, e
o Judiciário assume o protagonismo de legislar e combater as mazelas
alheias, sem olhar as suas.
O certo, no entanto, é que o
compartilhamento do poder com o cidadão é uma marcha irreversível da
humanidade. Nada será como antes e nunca mais haverá, somente, a opinião
publicada. Só não temos certeza, ainda, que o protagon
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