quarta-feira, 18 de abril de 2018

O que é verdade e o que é boato nos alertas sobre epidemia de gripe no Brasil

"Não dá pra morrer de H1N1 no século 21."
Assim Katia Martinez desabafou no Facebook no dia 10 de abril, dois dias depois da morte da irmã dela, Nadia Trost, e seis dias depois do falecimento de Ribamar Henrich Trost, marido de Nadia. O casal estava internado no Hospital Unimed de Rio Claro, cidade a 175 km de São Paulo, com problemas respiratórios graves.
Exatamente no dia 10, a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro soltava nota com o laudo do Instituto Adolfo Lutz sobre as amostras do casal: positivo para H1N1, vírus da gripe. A família não quis dar detalhes do ocorrido pessoalmente.
"Ninguém quer falar porque estamos vivendo um luto imensurável, chocante e trágico", disse Katia à BBC, por mensagem.
O recolhimento é compreensível. Não apenas pelo abalo em função da perda repentina dos parentes, e por uma doença vista habitualmente como corriqueira, mas também pela superexposição do caso nas redes sociais. À foto de Ribamar e Nadia, tranquilos e abraçados no que parece uma comemoração recente, se juntaram áudios e comentários por escrito alertando ora para uma epidemia de H3N2, ora para variantes como H2N3, HN1N3 e gripe australiana, acrescidos da afirmação de que a vacina seria uma "arma química para exterminar os idosos".

O lançamento da campanha nacional de vacinação contra a gripe, aliás, será no dia 23 de abril. Mas o Estado de Goiás, que confirmou 13 mortes por influenza até agora, se antecipou. No dia 13, sexta-feira, já aplicava as primeiras doses na população. O Estado de São Paulo, por enquanto, tem o maior número de óbitos na Federação: 14.
Até o dia 7 de abril, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, foram registrados 286 casos de gripe em todo o país, com 41 mortes.
"No Brasil, circulam no momento apenas os vírus H1N1 e H3N2", afirma Nancy Bellei, professora afiliada da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultora em influenza para o Ministério da Saúde, referindo-se aos tipos de influenza A.
Sinônimo de gripe, a palavra "influenza" tem sido usada de forma geral no Brasil para se referir aos tipos A e B, que estão relacionados a epidemias. O tipo C é aquele mais comum, que causa apenas infecções respiratórias brandas.
O primeiro estaria mais ativo em Goiás, Bahia e Rio de Janeiro, enquanto o segundo se espraia pelo Estado de São Paulo - o que não significa que um não invada a área do outro. A infectologista explica que o H1N1 é o mesmo que deflagrou a pandemia de 2009, chamada à época de gripe suína. Já o H3N2 seria semelhante ao que atingiu o Hemisfério Norte na última temporada, infectando mais de 30 mil pessoas.
"Mas a vacina brasileira vai ser diferente da do Hemisfério Norte", diz Bellei. "A nossa cepa de H3N2 é outra, por isso temos a expectativa de que a imunização será mais eficaz."
Na vacina distribuída pela campanha também constará a cepa do vírus B Yamagata, que imuniza contra influenza B. Já em clínicas particulares, o produto será quadrivalente, contendo também o B Victoria.
Em relação à diferença entre a imunização na rede pública e privada, o infectologista Matias C. Salomão afirma que a vacinação na rede pública já cobre a maior parte dos casos, e que o gasto extra para distribuir gratuitamente a dose quadrivalente não compensaria pela proteção.

E o H2N3 e o HN1N3?
"Isso é bobagem, não tem esses vírus", enfatiza Bellei, ressaltando que eles sequer existem. "O pessoal deve ter se confundido ou então distribuiu essa notícia de má-fé." Click no link e leia maéria comnpleta no BBCBrasi.

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