segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Histórias da Princesa

        


Hoje, em caráter especial, apresentamos uma matéria sobre um Feirense que amou e lutou pela sua terra como poucos. Falamos de Joselito Falcão de Amorim, o Professor Amorim, ex-militar, ex-prefeito, defensor da Educação e da Cultura. Quando observamos quanto ele fez por Feira de Santana em apenas três anos como prefeito, nos pomos a refletir como pode existir gente que, por motivos políticos ou por mesquinhos interesses pessoais, tenta a qualquer custo barrar o progresso da terra onde nasceu, vive, trabalha e cria seus filhos. Diz-se que Feira de Santana é uma péssima mãe e uma ótima madrasta. Mas, pensando bem, mãe ou madrasta, o problema está em filhos indignos, sejam eles natos ou de coração. O Professor Amorim foi um dos melhores filhos que a Princesa do Sertão já teve. A sua obra enquanto prefeito, ou em cargos políticos ou institucionais, falam por ele e demonstram mui bem o amor pela sua terra e a sua honestidade e caráter.

Joselito Amorim: Um feirense que soube amar a sua terra natal


O professor Joselito Falcão de Amorim nasceu em Feira de Santana, em 4 de setembro de 1919. Ele teve sua história de vida contada no livro “O filho da Madre”, do jornalista Jailton Batista, lançado em fevereiro de 2019 pela Editora Kelps. No campo profissional, formou-se no curso ginasial do Colégio Santanópolis em 1938, sendo em seguida convidado pelo então diretor do colégio, Áureo Filho, para assumir a vaga de professor de matemática. Chegou a ser Diretor do Internato e Diretor do Curso noturno ainda no Santanópolis. Exerceu o magistério até 1971, o que lhe fez ser mais conhecido como Professor Amorim.

Com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial alistou-se no Exército em 1943. Serviu inicialmente com soldado no 2o Batalhão do 18o Regimento de Infantaria, o qual fora instalado às pressas no prédio da Escola Normal Rural, onde hoje funciona o CUCA. Promovido a cabo e transferido para Salvador, atuou no patrulhamento da costa nordestina. Já no posto de sargento na 6a Companhia de Infantaria, foi escolhido para integrar a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Contudo não chegou a embarcar para a Itália pois logo foi promovido a aspirante e transferido ao Centro de Preparação de Oficiais da Reserva para que servisse na guerra como oficial do Exército. Graduou-se como Segundo Tenente da Infantaria do Exército em 1945, ao mesmo tempo em que terminavam os conflitos armados.

Após transferência para a reserva militar em 1945, retornou ao Colégio Santanópolis como diretor do Curso de Comércio 1º grau, equivalente ao curso ginasial na época. No mesmo ano, ingressou no curso de Contabilidade na Escola Técnica do Comércio, formando-se contador em 1947. Como efeito do Decreto Lei nº 1988 de 25 de setembro de 1945, parte da chamada “Reforma Capanema”, que reorganizou o ensino superior de ciências econômicas e contábeis, teve seu curso de Contabilidade equiparado ao bacharelado. Como docente, lecionou matemática e educação física no Colégio Santanópolis, no Colégio Estadual e na Escola Normal Rural. Foi professor também no Colégio Estadual Góes Calmon em Salvador.

 Carreira Política

Nomeado Inspetor Federal de Ensino do Ministério da Educação (MEC), foi responsável pela supervisão do curso de Contabilidade da Escola Técnica do Comércio, do Colégio Santanópolis. Foi eleito vereador na cidade de Feira de Santana pela União Democrática Nacional (UDN) para o mandato de 1955 a 1959.  Entre 1959 e 1962, enquanto suplente de vereador, exerceu o cargo de Secretário da Prefeitura na gestão do Prefeito Arnold Ferreira da Silva. Eleito novamente vereador em 1962, assumiu a presidência da Câmara Municipal entre abril de 1963 a maio de 1964. No dia 08 de maio de 1964, pouco mais de um mês após a tomada do poder pelos militares, participou da sessão da Câmara Municipal que votou a Resolução 1963/64, proposta pelo vereador Hugo Navarro Silva (UDN) “declarando impedido no cargo de Prefeito do Município de Feira de Santana o advogado Chico Pinto. Considerando a comunicação feita pelas Forças Armadas, por intermédio do Comando das tropas sediadas em Feira de Santana, de que o então prefeito encontrava-se preso. A resolução foi aprovada por 8 votos a favor e 5 votos contra.  Cassado o mandato do prefeito, como próximo na linha de sucessão municipal, Joselito Amorim assumiu a prefeitura de Feira de Santana na mesma data, 8 de maio de 1964.

Como prefeito entre 8 de maio 1964 e 7 de abril de 1967, iniciou um projeto de modernização da cidade. Firmou parceria com o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) para implementar melhorias na gestão municipal e liderou o processo de criação do “Plano de Desenvolvimento Local Integrado”, finalizado em 1968, fazendo da cidade um dos primeiros municípios brasileiros a adotar um plano diretor de desenvolvimento urbano. Partiu dele também a proposta de implantação de um Polo Industrial em Feira de Santana. Atuou na organização do Centro das Indústrias de Feira de Santana (CIFS), uma associação das indústrias locais, fundado em maio de 1965 e reconhecido de utilidade pública pela lei municipal Nº 539, de 1967, na gestão do prefeito João Durval Carneiro.

 Obras e Realizações


Deu início a construção do novo Estádio Municipal Alberto Oliveira, conhecido como “Joia da Princesa”. A inauguração ocorreu ainda durante o seu mandato, em 13 de novembro de 1966. Durante sua gestão foi fundado em março em 1967 o Museu Regional, hoje Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira, como parte de uma campanha nacional do empresário Assis Chateaubriand para criação de museus em cidades do interior do país. O novo museu passou a ocupar o antigo prédio da administração do Campo do Gado, cedido pela Prefeitura Municipal. A solenidade de inauguração teve a presença de Assis Chateaubriand, do pintor Di Cavalcante, do embaixador inglês no Brasil, John Russel e outras personalidades de destaque nacional e internacional.


Investiu na educação criando diversas escolas em Feira de Santana entre 1964 e 1967, com recursos provenientes de um convênio firmado com a Agência dos Estados Unidos Para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do MEC, da Sudene e do Governo da Bahia. Inaugurou em 19 de fevereiro de 1967 o Parque de Exposição João Martins da Silva ao lado do governador Lomanto Júnior. 


Foi responsável também pela Estação Rodoviária (1966), as novas instalações da Biblioteca Municipal Arnold Ferreira da Silva (1966) e a construção do Fórum Filinto Bastos.  Garantiu os recursos e a realização das obras das novas instalações do Ginásio Municipal, inauguradas em 29 de março de 1966. Em maio de 1966, por meio da Resolução Nº 56/1966 da Câmara Municipal, o Ginásio passou a ser denominado “Ginásio Municipal Joselito Amorim”, que em 2008, passou então a ser denominado “Centro Integrado de Educação Municipal Professor Joselito Falcão de Amorim”. Pouco antes do término da sua gestão, conseguiu em 19 de dezembro de 1966 a aprovação da Câmara Municipal para o projeto de Lei Nº 507 que criava a Bandeira e o Brasão da cidade de Feira de Santana. Esteve em Washington, EUA, entre agosto e setembro de 1966, em missão administrativa a convite da (USAID), com a finalidade de obter novas experiências em gestão municipal.

Joselito Amorim permaneceu no cargo de prefeito até 7 de abril de 1967, quando o transferiu para João Durval Carneiro, eleito no pleito de 1966. Em 1965, com a extinção da UDN por efeito do Ato Institucional Nº 2, que extinguiu o pluripartidarismo, passando para o bipartidarismo, transferiu-se para a Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido apoiado pelos militares, tendo com opositor o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Ele nunca mais disputou uma eleição para Prefeito, mas continuou exercendo cargos políticos e institucionais, em Feira e Salvador. E apesar da idade ainda se dedicava a diversas atividades nas áreas da cultura e Educação, que ele tanto gostava e por elas lutava.

Joselito Amorim faleceu na noite de 04 de outubro de 2020 (um mês depois que completou 101 anos), em um hospital de Salvador, onde estava internado, em decorrência de complicações da covid-19 e não resistiu. Por ter falecido em razão de complicações da covid-19, não houve velório e ao ser liberado o corpo seguiu direto para o cemitério Piedade, em Feira de Santana, onde descansa no seio da sua terra que ele tanto amou e por ela lutou.

NE: Com informações do Wikipédia

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