segunda-feira, 17 de junho de 2024

Crônica de segunda - Estamos ou não à deriva?

 

    “Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Sou adepto desse pensamento de Raul Seixas, mas, existem assuntos sobre os quais eu não mudei a minha opinião até os dias de hoje. Aborto é uma dessas coisas. Para mim é crime e sempre será e deve ser punido com o maior rigor previsto na constituição de cada país. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Nem mesmo de um feto. Esse assunto nunca deveria ser discutido, muito menos ficar mudando as leis ao sabor dos ventos políticos. Tem que ser uma decisão definitiva de toda uma sociedade.  

Eu não consigo entender por que tantas idas e vindas sobre os mesmos temas. Pode-se mudar a lei se algo mudou nos crimes. Por exemplo: Hoje existem os crimes cibernéticos. Precisa que leis sejam mudadas e outras criadas para atender a essa nova realidade. Mas, um crime é um crime. E uma vez que se definiu a pena para eles não há por que ficar mudando as leis a cada vez que alguém, seja lá quem for, mude de opinião. Estou falando de aborto, que se trata de um assassinato como qualquer outro. E os assassinatos já têm penas previstas no código penal. Por que tantas idas e vindas acerca do mesmo assunto? Para atender aos interesses de quem? Cabe mais uma pergunta: Deve-se mudar a lei apenas porque mudou o presidente, por exemplo? A lei e a pena previstas já foram discutias e aprovadas. Não devemos mudar ao sabor dos ventos políticos.

Até por volta dos meus 20 anos eu ainda tinha dúvidas sobre crime e castigo. Mas, de lá para cá, ainda penso do mesmo jeito sobre o assunto. Matou tem que pagar pelo que fez! Existem exceções. E são essas exceções que temos que ter cuidado em classificá-las. Ai então quando o crime não está inserido em nenhuma das exceções classificadas, não há por que mudar a pena.

Com o aborto se dá  mesmo. Se ele foi provocado intencionalmente para evitar o nascimento de uma criança deformada e sem nenhum futuro previsto, é justificado. Mas, se o aborto é provocado pelo simples desejo de uma mãe que esqueceu de tomar seus anticoncepcionais, é crime. Essa mulher não deve ter o direito de interromper essa gravidez (matar essa criança). A meu ver, a pena para quem provoca uma morte também seria a morte.

O nosso sistema político permite que qualquer “Zémané” se candidate ou seja indicado à um cargo público sem ter o conhecimento necessário para criar ou abolir leis. Leis deveriam ser criadas ou abolidas por um colégio de pessoas preparadas para avaliar os projetos. Porém, não é o que acontece e por isso ficamos ao sabor dos ventos eleitorais e eleitoreiros. Do alto dos meus 70 anos eu vejo um rebanho enorme de gado sendo jogado de um lado para o outro, por gente que não tem o menor respeito pelas pessoas nem por si mesmos. Por isso é que se diz que o Brasil é um país à deriva. Sem comando. Sem rumo. Sem noção. Se perguntarmos a qualquer pessoa na rua para que lado o vento sopra, poucos responderão com certeza, muitos terão dúvidas, e a grande maioria não tem a menor noção sobre o que está fazendo aqui.

Esse é o caos em que vivemos!

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