segunda-feira, 24 de junho de 2024

Crônica de segunda - O fim de uma era

   

A música popular divide o tempo de acordo com usos e costumes da época. Quando eu tinha por volta de 10 anos de idade o Brasil já estava curtindo a Bossa Nova, um ritmo criado por João Gilberto que ganhou muitos adeptos, entre eles Antônio Carlos Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho e Ronaldo Bôscoli. Mais ou menos nessa época, a partir dos anos 70 já era forte o movimento da Jovem Guarda no Brasil e paralelamente surgia o Tropicalismo.

         Estes movimentos modernosos da época incluíam canções como Garota de Ipanema, pela Bossa Nova, Quero que vá tudo pro inferno, da Jovem Guarda e Tropicália, primeiro grande sucesso do Tropicalismo. Até o final dos anos 70 estes ritmos predominaram na Música Popular Brasileira. Só a partir dos anos 80 novas canções predominaram no cancioneiro popular brasileiro, classificados como MPB.

         Um tipo de música, entretanto, permaneceu inalterado durante todo esse tempo até os dias de hoje. Trata-se do forró. O ritmo nordestino que anima as festas juninas. O tempo passou e ele sofreu pouquíssimas alterações, sempre bem aceitas pelos amantes do forró. As chamadas músicas juninas passaram por algumas variações, inclusive, pelo forró pornográfico, mas, até a isso sobreviveu shot, baião e xaxado sempre se mantiveram firmes em suas posições na preferência popular.

         A partir do ano 2000, se o mundo não acabou, a MPB sofreu grande derrota. Hoje o que se houve diariamente pelas emissoras de rádio é música de má qualidade, pornográfica e gravada por gente que se quer sabe tocar.  É um horror. Para piorar a situação as músicas são gravadas sem qualquer critério técnico e não são gravadas em estúdios, muitas vezes até através de um aparelho celular. Os quesitos de qualidade como voz e talento não existem mais. Vale tudo. Não é incomum ouvir alguém cantando uma música qualquer cometendo os mais simples erros de linguagem. As pessoas parecem não se interessarem pela letra da canção e nem mesmo pela melodia. Qualquer barulho é música aos ouvidos dessa gente.     Qualquer músico do século passado (ou seja, apenas 20 anos atrás) se tivesse parado no tempo e chegasse aqui agora ficaria horrorizado com o que estaria ouvindo. Mas, a vida se renova e o mundo sempre consegue se reinventar. Afinal saímos destroçados da segunda guerra mundial, nos recuperamos e vivemos por seis décadas de bons momentos. Não só na música como em tudo o mais em nossas vidas. Porém, esta época em que estamos vivendo agora, além de coisas ruins,  todo tipo de transgressão e perversão não nos deixa nem mesmo o alento de ouvirmos alguma música que preste.

         É mesmo o fim dos tempos!

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