A amizade crescia a cada dia. Nossa
filha Lia Sérgia teve um problema gastrointestinal e fui informado de sua piora
enquanto eu trabalhava na rua entregando leite. Estava eu nas imediações da
casa do Dr. Wilton que era meu cliente. Falei com ele que se predispôs a ir até
minha casa para vê-la. Ele a medicou e ela sarou. Lia ficou tão ligada ao casal
que o escolheu para padrinhos. Se eu me dava bem com Wilton, o mesmo acontecia
entre Maura e Arlete. Gostávamos das mesmas coisas, frequentávamos os mesmos
ambiente e encarávamos a vida com
alegria e simplicidade.
Lembro-me que uma vez estávamos no
Boteco do Vital, um sujeito passou mal e alguém chamou Wilton que examinou o
sujeito constatando que ele tinha mesmo era uma indisposição gástrica
decorrente de uma grande bebedeira. Tranquilo como sempre, Wilton pediu a Vital
que colocasse uma dose de Genebra com sal e começou a misturar para dar ao
doente. Um enxerido comentou: “O homem tá passando mal e o senhor vai dar
cachaça a ele?” Calmo e com sua voz grave Wilton perguntou: “O médico aqui sou
eu ou você?” O fato é que o sujeito alguns minutos depois já estava são e
querendo beber mais.
O destino mudou as nossas vidas. Distanciamo-nos
por um período, e foi quando o casal perdeu um filho, que o deixou bastante abatido.
Algum tempo depois nos reencontramos. Porém, o destino mais uma vez interferiu
e logo Wilton faleceu. Contudo, nos reaproximamos de Arlete e a amizade cresceu
assim como a alegria contagiante que nos é peculiar, não dando mais espaço para
tristezas e afastamentos. Arlete é uma dessas pessoas para quem não há tempo
ruim. Faz piada com os próprios dissabores.
Já se passou cerca de 40 anos desde que nos conhecemos. Mas, nem o tempo ou a distância física conseguiram arrefecer essa amizade. Sempre que nos encontramos é só alegria. Uma verdadeira festa. Agora mesmo estamos programados para passar os festejos do São João juntos. Com certeza quando acabar a festança estaremos renovados física e espiritualmente e mais firmes na amizade.
Você, leitor, me perguntaria por que
escrevi esta crônica? Respondo: Nestes tempos conturbados, ter bons amigos,
alegres e felizes é uma dádiva.
Viva São João!
Um comentário:
Amo vocês!
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