segunda-feira, 3 de junho de 2024

Crônica de segunda - Meus compadres

         

    Primeiro conheci Dr. Wilton Lima. Depois a sua esposa Arlete. Um simpático casal que frequentava, assim como eu, o Boteco do Vital. Recanto agradável no bairro da Kalilandia, onde amigos se reuniam nos finais de tarde para beber e conversar um pouco. No início era um bar quase que exclusivo para homens. Mas, quando comecei a namorar com Maura ela ia comigo para o boteco, aonde também ia a esposa do Dr. Wilton. Não foi difícil o entrosamento com o casal. Ficamos tão amigos que nos tornamos compadres.

         A amizade crescia a cada dia. Nossa filha Lia Sérgia teve um problema gastrointestinal e fui informado de sua piora enquanto eu trabalhava na rua entregando leite. Estava eu nas imediações da casa do Dr. Wilton que era meu cliente. Falei com ele que se predispôs a ir até minha casa para vê-la. Ele a medicou e ela sarou. Lia ficou tão ligada ao casal que o escolheu para padrinhos. Se eu me dava bem com Wilton, o mesmo acontecia entre Maura e Arlete. Gostávamos das mesmas coisas, frequentávamos os mesmos ambiente e encarávamos a vida  com alegria e simplicidade.

         Lembro-me que uma vez estávamos no Boteco do Vital, um sujeito passou mal e alguém chamou Wilton que examinou o sujeito constatando que ele tinha mesmo era uma indisposição gástrica decorrente de uma grande bebedeira. Tranquilo como sempre, Wilton pediu a Vital que colocasse uma dose de Genebra com sal e começou a misturar para dar ao doente. Um enxerido comentou: “O homem tá passando mal e o senhor vai dar cachaça a ele?” Calmo e com sua voz grave Wilton perguntou: “O médico aqui sou eu ou você?” O fato é que o sujeito alguns minutos depois já estava são e querendo beber mais.  

         O destino mudou as nossas vidas. Distanciamo-nos por um período, e foi quando o casal perdeu um filho, que o deixou bastante abatido. Algum tempo depois nos reencontramos. Porém, o destino mais uma vez interferiu e logo Wilton faleceu. Contudo, nos reaproximamos de Arlete e a amizade cresceu assim como a alegria contagiante que nos é peculiar, não dando mais espaço para tristezas e afastamentos. Arlete é uma dessas pessoas para quem não há tempo ruim. Faz piada com os próprios dissabores.

        

        Já se passou cerca de 40 anos desde que nos conhecemos. Mas, nem o tempo ou a distância física conseguiram arrefecer essa amizade. Sempre que nos encontramos é só alegria. Uma verdadeira festa. Agora mesmo estamos programados para passar os festejos do São João juntos. Com certeza quando acabar a festança estaremos renovados física e espiritualmente e mais firmes na amizade.

Você, leitor, me perguntaria por que escrevi esta crônica? Respondo: Nestes tempos conturbados, ter bons amigos, alegres e felizes é uma dádiva.

         Viva São João!

Um comentário:

Anônimo disse...

Amo vocês!