sábado, 1 de junho de 2024


Neste mês de junho vamos priorizar canções  que falam dos festejos de São Antônio, São João e São Pedro, através de letras do cancioneiro popular
.

 “Luar do Sertão” é uma canção de autoria de Catulo da Paixão Cearense gravada inicialmente por Eduardo Neves, em 1914. Mas foi Luís Gonzaga quem imortalizou a canção que foi considerada por muito tempo o hino nacional informal brasileiro. Seus versos simples e ingênuos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Foi originalmente um coco sob o título "Engenho de Humaitá". Catulo da Paixão Cearense defendeu em toda a sua vida que era seu autor único, mas hoje em dia se dá crédito da melodia a João Pernambuco.

         Como toda obra polêmica cujos autores já faleceram, ninguém pode afirmar se o texto original é o que foi gravado nem que os autores são aqueles a quem dão os créditos. Mas, sabe-se que a letra de luar do sertão não foi completamente gravada. Existem muitos versos que ficaram de fora. Confira o poema completo:

Oh! Que saudades do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão!
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão.
E a gente pega na viola que ponteia,
E a canção é a lua cheia a nos nascer no coracao!

Quando vermelha no sertão desponta a lua
Dentro d'alma onde flutua também rubra nasce a dor!
E a lua sobe e o sangue muda em claridade
E a nossa dor muda em saudade branca... assim... da mesma cor.

Ai!... Quem me dera que eu morresse lá na serra,
Abraçado à minha terra e dormindo de uma vez!
Ser enterrado numa grota pequenina,
Onde à tarde, a sururina chora a sua viuvez!

Diz uma trova, que o sertão todo conhece,
Que se, à noite, o céu floresce, nos encanta, e nos seduz,
É porque rouba dos sertões as flores belas,
Com que faz essas estrelas lá do seu jardim de luz!!

Mas como é lindo ver, depois por entre o mato
Deslizar calmo, o regato, transparente como um véu,
No leito azul das suas águas, murmurando,
Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!

A gente fria desta terra sem poesia
Não se importa com esta lua nem faz caso do luar!
Enquanto a onça, lá na verde capoeira,
Leva uma hora inteira, vendo a lua a meditar!

Coisa mais bela neste mundo nao existe
Do que ouvir um galo triste no sertão se faz luar.
Parece até que a alma da lua é que descanta,
Escondida na garganta desse galo a soluçar!

Se Deus me ouvisse com amor e caridade,
Me faria esta vontade o ideal do coração.
Era que a morte a descantar me surpreendesse
E eu morresse numa noite de luar no meu sertão!!

E quando a lua surge em noites estreladas,
Nessas noites enluaradas, em divina aparição,
Deus faz cantar o coração da Natureza,
Para ver toda beleza do Luar do Maranhão.

Deus lá no céu, ouvindo um dia, essa harmonia,
A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril,
Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,
E também a Ave-Maria da grandeza do Brasil.

Pois só nas noites do sertão de lua plena,
Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,
É que o Poeta, descantando a noite inteira,
Vê, na Lua Brasileira, toda a alma do Brasil.

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

  A música, vista por muitos como o segundo hino do país, tamanha sua popularidade, ficou marcada pela interpretação de grandes nomes da Música Popular Brasileira, entre os quais Luiz Gonzaga e Milton Nascimento, como se pode ver no vídeo a seguir.

 

Nenhum comentário: