Neste mês de junho vamos priorizar canções que falam dos festejos de São Antônio, São João e São Pedro, através de letras do cancioneiro popular.
Oh! Que saudades do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão!
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.
Não há, oh gente,
oh! não,
Luar como esse do sertão!
Se a lua nasce por
detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão.
E a gente pega na viola que ponteia,
E a canção é a lua cheia a nos nascer no coracao!
Quando vermelha no
sertão desponta a lua
Dentro d'alma onde flutua também rubra nasce a dor!
E a lua sobe e o sangue muda em claridade
E a nossa dor muda em saudade branca... assim... da mesma cor.
Ai!... Quem me
dera que eu morresse lá na serra,
Abraçado à minha terra e dormindo de uma vez!
Ser enterrado numa grota pequenina,
Onde à tarde, a sururina chora a sua viuvez!
Diz uma trova, que
o sertão todo conhece,
Que se, à noite, o céu floresce, nos encanta, e nos seduz,
É porque rouba dos sertões as flores belas,
Com que faz essas estrelas lá do seu jardim de luz!!
Mas como é lindo
ver, depois por entre o mato
Deslizar calmo, o regato, transparente como um véu,
No leito azul das suas águas, murmurando,
Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!
A gente fria desta
terra sem poesia
Não se importa com esta lua nem faz caso do luar!
Enquanto a onça, lá na verde capoeira,
Leva uma hora inteira, vendo a lua a meditar!
Coisa mais bela
neste mundo nao existe
Do que ouvir um galo triste no sertão se faz luar.
Parece até que a alma da lua é que descanta,
Escondida na garganta desse galo a soluçar!
Se Deus me ouvisse
com amor e caridade,
Me faria esta vontade o ideal do coração.
Era que a morte a descantar me surpreendesse
E eu morresse numa noite de luar no meu sertão!!
E quando a lua
surge em noites estreladas,
Nessas noites enluaradas, em divina aparição,
Deus faz cantar o coração da Natureza,
Para ver toda beleza do Luar do Maranhão.
Deus lá no céu,
ouvindo um dia, essa harmonia,
A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril,
Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,
E também a Ave-Maria da grandeza do Brasil.
Pois só nas noites
do sertão de lua plena,
Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,
É que o Poeta, descantando a noite inteira,
Vê, na Lua Brasileira, toda a alma do Brasil.
Não há, oh gente,
oh! não,
Luar como esse do sertão!
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