Exotismo
literário
Mário de Andrade
(1893-1945)
em MACUNAÍMA,
nascido “no fundo do mato virgem, herói de nossa gente,
preto retinto e
filho do medo da noite”.
“... escutando o murmurejo do Uraricoera
...”
‘Uraricoera’: dialeto indígena onde ‘urari’ representa um veneno de efeito paralisante usado por certas tribos e ‘coera’ significa velho. Com efeito, “rio do Veneno Velho”.
“... a índia tapanhumas ...”
‘Tapanhumas’: tribo de índios em Mato Grosso.
“... sarapantar ...”
Causar ou sentir espanto; atordoar-se; apavorar.
“... no jirau de paxiúba ...”
‘Jirau’:
armação de madeira semelhante a estrado ou palanque de múltiplas utilidades:
cama, depósito de utensílios, secador de frutas ou, quando posto em cima de um
fogão, como fumeiro de carne, toucinho, peixe, etc.
‘Paxiúba’:
espécie de palmeira com folhas de bananeira, da família das Arecáceas.
Também ‘cunhantã’: menina, garota. Do tupi-guarani: ‘cunhã-antã’: mulher resistente.
“... guspia na cara ...”
‘Guspir’, corruptela da pronúncia do verbo ‘cuspir’. No passado, uso corriqueiro no vocabulário sulista; ora em desuso.
“... frequentava com aplicação a murua,
a poracê, o torê, o bacororô, a cucuicogue ...”
Danças indígenas de cunho religioso, celebratório, festivo, etc. Algumas acompanhadas de maracás, tambores e flautas.
“... trepava no macuru pequeninho
...”
‘Macuru’: balanço suspenso ao teto por cordas, construído com talas em forma de arco, forrado de pano e com faixas que se cruzam ao fundo, nas quais a criança senta, tocando levemente o chão com as pernas.
“... paneiro de guarumá-membeca
...”
‘Paneiro’:
pequeno cesto de vime com duas alças.
‘Guarumá’:
mesmo que ‘arumã’, bananeirinha do mato.
‘Membeca’: termo indígena para designar algo mole, tenro.
“... pé de aninga, na beira do
rio...”
‘Aninga’: planta da família das Aráceas, ou ‘aningaíba’, fruta que dá sumo ou suco branco também conhecida como ‘banana de mico’.
“... folhas do javari ...”
‘Javari’: palmeira de até 15 m, nativa da Amazônia - folhas penadas e aculeadas - da qual se extraem óleo da polpa e gorduras das sementes. Também chamada coqueiro-javari, guará, Jamari, jauari.
“... biguás e biguatingas
...”
‘Biguá’: ave
aquática, coloração majoritariamente preta com o dorso cinza. Também chamada
corvo-marinho, cormorão, pata-d’água, biguaúna, imbiuá, mergulhão e miuá.
‘Biguatinga’:
Nome popular da ave de nome binomial ‘Anhinga-anhinga’: o macho é preto e a
fêmea mais colorida com a cabeça, pescoço e peito cinza-amarelados e a ponta da
cauda branca. Ave pescadora por mergulhos, quando fica totalmente submersa.
‘Curumim’: rapaz
jovem, garoto, menino.
‘Tiriricas’: de
forma genérica, ervas daninhas.
‘Tajás’: mais
conhecidas como ‘taiobas’.
‘Trapoerabas’:
também conhecida como andacá, erva-de-santa-luzia, erva-mijona, de propriedades
emolientes, diuréticas e antirreumáticas.
‘Serrapilheira’:
camada de humus que se forma pela deposição de restos vegetais e acúmulo de
material orgânico vivo, em diferentes estágios de decomposição.
‘Puçá’: rede em
forma cônica montada em um aro, para capturar crustáceos. Pode também se
referir a uma peneira para apanhar peixes miúdos, siris, etc.
‘Curauá’:
abacaxi, variedade de palmeira.
‘Petum’:
tabaco, petim, petima, petume.
‘Caxiri’:
bebida, licor extraído de mandioca fermentada.
Expressão
metafórica para a forte sexualidade expressa no personagem.
‘Bué’:
choradeira, zoeira.
O
verbo ‘brincar’ é utilizado na obra Macunaíma com o sentido indígena: ter
relações sexuais.
Regionalismo
nordestino; plural de emboléu, com o significado de andar à toa, sem destino.
Sapituca:
ligeira embriaguez; perda momentânea das forças, desfalecimento, desmaio.
Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941) economista, cronista, é autor
do livro virtual
Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas
e Palavras ao Vento,
participa do Colares – Coletivo Literário Arte
de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - Ba
[email protected]
http://livrodoscharutos.blogspot.com
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