‘El gran ‘Gabo’
A marionete
esqueceria ser uma boneca de pano,
desfrutaria ao máximo o dom da vida
e agradeceria a Deus.
Não diria tudo o que penso,
mas pensaria sobre tudo que digo.
Não daria importância às coisas por seus valores,
e sim, por seus significados.
Se, eu fosse contemplada com um naco de vida,
provaria aos homens, quão equivocados estão.
Julgam não mais se encantar, por estarem velhos;
não se dão conta que envelhecem,
pois deixaram
de se encantar.
Às crianças, eu daria asas e as deixaria voar.
Aos adultos, eu provaria que a morte não
chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Ao vislumbrar o umbral da vida,
exclamaria muitas vezes, ‘Te Amo’,
sem repetir as habituais mesmices.
Sempre haverá amanhã, talvez eu tenha outra
oportunidade.
Mas, se me
engano – sou uma marionete –
e ser hoje,
meu derradeiro dia,
estarei preparada para tanto.
Insisto. Não leves um mundaréu de malas.
viajes leve e fagueiro, sem afligir-te.
Ao cair a penumbra do entardecer fatal,
aspiro estar em paz e lúcida.
Enfrentarei as enfermidades,
enquanto
houver equivalência nas batalhas.
Quando as regras do jogo deixarem de ser justas,
não espero estar, entubada, em um leito de UTI.
Quero partir com estoicismo, sem pesares,
ciente de uma vida bem vivida.
Quero erguer o polegar, abrir os olhos,
se a claridade o permitir e sorrir.
Quanto a ti, que me lês, estejas onde seja,
faças o favor de não viver morrendo,
e sim, de
morrer vivendo.
O pior que te poderá acontecer, caso morras aos 60,
será te enterrarem aos 90.
Não é muito pedir-te – caramba! - manter-te vivo,
abraçando
novas experiências, novos desafios.
Eu sou uma eterna aprendiz, não me vejo mestra.
Acerta teus assuntos com Deus,
enquanto
tenhas clareza mental.
Não esperes estar na turbulência de um avião.
Mantenhas teu passaporte à mão;
nunca saberás
quando terás que passar
pelo derradeiro controle migratório.
Lembres-te sempre,
morremos para que a morte nos encontre vivos.
Hugo
Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é autor do livro virtual
Bahia
– Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas e Palavras ao Vento,
participa
do Colares – Coletivo Literário Arte de Escrever. Vive em São Gonçalo dos
Campos.
[email protected]
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