As
camadas da sociedade formadas pelas classes média e média alta estão tensas com
a pressão da sobrevivência, do cotidiano, as pessoas estão a beira de um ataque
de nervos. Aquelas vaias foram um reflexo do que agora se vê nas ruas. Foi
lançada na fagulha que está dando início a um incêndio.
Como era de
se esperar os governadores endureceram o discurso e lançaram tropas de choque
para intimidar pacíficos estudantes e trabalhadores que exerciam o direito
constitucional de livre expressão para protestar contra um aumento de tarifa no
transporte público de São Paulo. A repressão, feita nos melhores moldes da
ditadura militar, foi um tiro pela culatra. Indignada, a sociedade reagiu e foi
para as ruas engrossar as fileiras de estudantes e reivindicar muito mais do
que redução de tarifas.
Apanhada no
contrapé, com os olhos do mundo voltados para o País por conta da Copa das
Confederações, a presidente assimilou o golpe e amaciou o discurso, dizendo que
“as manifestações pacíficas serão toleradas”. Assim, levou consigo os
governadores que por todo o país já percebiam o céu a desabar sobre suas cabeças,
induzindo-os a mudar de tática.
Em São Paulo o governador
anunciou que a tarifa voltará aos R$ 3,00 na segunda-feira (24). No Rio de Janeiro,
onde a passagem havia aumentado de R$ 2,75 para R$ 2,95, também voltará ao
valor anterior.
E assim foi se sucedendo em todas as capitais e grandes cidades
do país, com os prefeitos e governadores revogando aumentos em alguns centavos
para acalmar os manifestantes.
O prefeito do Rio alegou
que para reduzir a tarifa do transporte coletivo, cerca de R$ 200 milhões\ano
deixarão de ser aplicados em outras áreas como Saúde, Educação, etc. Pois que
seja, já não temos nada disso mesmo. Pelo menos no ônibus ou no trem o dinheiro
é desembolsado por um serviço que utilizamos imediatamente, e não temos que
ficar esperando que retorne em obras e serviços que nunca chegam, pois o
dinheiro que pagamos em impostos para este fim, em grande parte se perde na
corrupção e no roubo dos políticos.
Mas eu creio que os
governantes não vão ter a resposta que esperam da população. O clamor popular
que se levantou já está muito além de alguns centavos. O povo, de quem se diz
que todo poder emana e em seu nome deve ser exercido, quer mudanças muito mais
profundas do que uma simples redução de tarifas no transporte.
Duvido muito que se tenha
chegado até aqui para recuar por tão pouco. Aguardemos pois.
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