sexta-feira, 25 de julho de 2014

A festa está acabando



         O Brasil recebeu com surpresa a notícia de que o hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo havia paralisado o atendimento de emergência. Isso por conta de uma dívida de cerca de R$ 400 milhões. O que a maioria das pessoas não sabe é que todos os hospitais filantrópicos do Brasil estão funcionando precariamente e com dívidas milionárias. Essa dívida, acumulada de várias décadas, já atinge a casa dos bilhões de reais.

         Isso acontece porque os SUS paga míseros valores por consultas, exames e outros procedimentos médicos. E os hospitais filantrópicos são os maiores fornecedores do SUS, atendendo a nada menos que 95% dos pacientes do sistema. A discussão sobre o reajuste da tabela do SUS é muito antiga e nunca se chega a um consenso, enquanto os hospitais filantrópicos continuam operando no vermelho. Muitos, inclusive, já fecharam suas portas. Esse fato tem sido denunciado constantemente via Associação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil.

         Não há, e nunca houve, nenhum interesse dos sucessivos governos do Brasil em resolver esse problema. E nem poderia haver. Afinal, saúde sempre foi, e ainda é (embora os políticos neguem) moeda de troca para a cabala de votos. O sistema público de saúde é viciado e para obter vaga nos hospitais e clínicas só é possível com indicação de algum político que esteja em consonância com o poder vigente.

         Nenhum governo pode alegar que falta dinheiro para investir em saúde, educação, saneamento básico, segurança e transporte coletivo, prioridades de qualquer população no mundo, porque o Brasil tem a maior carga tributária do mundo. Investimos recentemente bilhões para construir estádios e realizar uma Copa do Mundo. E outros tantos bilhões estão sendo investidos para realizarmos as Olimpíadas de 2016. Então, dinheiro não falta. O que falta é vergonha na cara dos governantes.

         O caso da saúde pública é a clássica ideia de se fazer festa com o dinheiro dos outros. O governo não investe, mas, exige o atendimento de emergência (que é de graça) por parte dos hospitais filantrópicos. Mas, não paga pelos serviços que contrata os valores necessários para que os hospitais possam pagar suas contas e, quiçá, reter algum dinheiro em caixa para investimentos em equipamentos.

Os hospitais insistem em atender pelo SUS na esperança de melhores dias. Mas, os governantes, principalmente aqueles com tendências socialistas, tem o péssimo costume de pagar mal ou até mesmo de não pagar os serviços que contratam. Tudo fica na “conta de Abreu. Ele não paga e nem eu”. É um modo bom de fazer média com a população. O governo mostra o serviço, mas, não diz quem paga a conta, que sempre sobra para os contribuintes. Contudo, o dinheiro uma hora acaba, como acabou o da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e de tantas outras que já fecharam suas portas.


É nestas horas que ressoa com mais força em minha mente as palavras de Margareth Thatcher: “O comunismo só dura até acabar o dinheiro dos outros”. O do povo brasileiro está acabando. E a paciência também.

Um comentário:

RLB disse...

Excelente artigo. Bem oportuno para o momento. Inclusive, o usuário que sofre nesse esquema deveria contabilizar o seu sofrimento e pensar muito nele na hora de votar.