
A opressão não se
faz só pelas armas e dominação violenta. Atualmente, ela assume formais
mais sutis, imperceptíveis, de dominação, que podemos chamar de
despotismo em nuvem ou imaterial. Não há, na maioria das vezes, um
agente impositor definido contra o qual se possa pegar em lanças e
combater o moinho, mas mecanismos subliminares que tentam te impor
padrões de consumo, comportamento, gostos, modelos, opiniões, e valores.
E utilizam como elemento cerceador, não a arma tradicional, mas outras
ações, “armas metafóricas”, mas nem por isso menos violenta, ou letal,
como a exclusão, a segregação, a não inclusão, a rotulação com algum
epíteto que cause constrangimento e desconforto moral.
Aliado a isso,
todos os elementos, estruturas, núcleos, conceitos, ritos, valores, que
funcionem como forças de resistência, devem ser destruídos,
dessacralizados, ou relativizados em sua importância.
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A liberdade guiando o povo- Delacroix |
É certo que nunca
tivemos tanta liberdade, tanta possibilidade de expressão plena da
liberdade, mas ao mesmo tempo ela nunca esteve tão ameaçada, seja pela
multiplicidade de agentes limitadores dessa liberdade -que vai do
indivíduo-censor à sociedade-censora-, e dos mecanismos disponíveis para
esse objetivo.
A nossa não
percepção do controle, o que faz com que a capacidade de reação seja
reduzida em sua intensidade e persistência, é o maior risco que
corremos.
A liberdade não é
um território estranho, ou inóspito. Ao contrário, é nossa moradia
essencial. E não é um bem imperecível, mas, sim, uma condição sempre
ameaçada de extinção. Não há liberdade, sem que se lute por ela.
Inclusive, por aquela, que você nem percebe que perdeu.
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