As queimadas e o desmatamento não são os únicos problemas que assolam a Amazônia. Segundo um estudo
publicado pela WWF, a mineração ilegal pode ser a causa principal da
contaminação dos botos amazônicos, prejudicando a subsistência de
comunidades indígenas.
A Iniciativa Botos da América do Sul (SARDI, na sigla em inglês) monitora a trajetória de duas espécies de botos por meio de drones e satélites
desde 2017 — o bufeo bolivariano e o nosso folclórico boto cor-de-rosa.
Os animais circulam pelo território do Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia e
Equador.
A equipe de pesquisa instalou um
transmissor de 145 gramas na barbatana de cada um dos botos. O
dispositivo é rastreado por satélites e indica por onde eles se
deslocam. Depois de cinco a oito meses, o transmissor se solta sozinho. O
monitoramento mostrou que os botos circulam principalmente pela bacia
do rio Orinoco, na fronteira entre a Colômbia e Venezuela. O local é
conhecido por ser um arco de mineração ilegal.
O trabalho dos pesquisadores também
envolve avaliar o estado de saúde dos botos da região. Foi essa análise
que encontrou concentrações de mercúrio acima do recomendado no corpo de
todos os 29 botos monitorados. Esse metal é muito utilizado na
mineração artesanal para separar o ouro de outros resíduos. Na natureza,
os grãos de ouro estão misturados com outros sedimentos. O que o
mercúrio faz é se juntar a esses pequenos grãos, facilitando o
reconhecimento e separação do metal precioso.
O uso do mercúrio contamina a água,
solo, plantas e outros animais. Bichos menores costumam ter altas
concentrações de mercúrio na própria carne – e, quando viram comida dos
seus próprio predadores, carregam todo esse mercúrio com eles. Através
desse processo é que o metal estaria se acumulando nos botos. E, se
esses bichos estão sendo afetados, pode apostar que os seres humanos da
região também estão.
Uma das preocupações dos pesquisadores
é a ameaça à saúde populações que vivem na Amazônia. A fauna dos rios é
um dos principais alimentos das comunidades indígenas. Segundo um estudo realizado pela Fiocruz em 2016, 92% da população indígena Yanomami de aldeias de Roraima está contaminada com mercúrio.(BBC News Brasil)
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