domingo, 4 de outubro de 2020

GATO POR PORCO – UMA TROCA LEGAL!

  “Nunca ouvi dizer que cachaça mate, o que mata é falta de feijão no bucho”. Com esse argumento “infalível” e “irretocável”, até porque tinha “base médica e jurídica”, como ele dizia, Marcelino de Dó entornava diariamente a sua cota, mas sempre em  meio  a garfadas de feijão mulatinho e carne do sertão, apoiado em dois ou três jilós bem verdinhos.

Bom pedreiro, nunca se soube que houvesse empenado alguma parede ou assentado um piso errado, era benquisto no bairro pela sua habilidade na colher de pedreiro e pela conversa humorada e agradável. O bar de Aniceto de Leleu, era seu ponto preferido embora não muito longe estivessem os bares de Jorge Caçarola e Bequinho, que às vezes ele também frequentava.

Naquele sábado, no entanto tudo mudou. Na hora aprazada Marcelino de Dó chegou ao bar de Aniceto para cumprir sua missão, mas logo foi abordado por Fernando, um vizinho, oferecendo a todos uma carne de porco, que ele mesmo tinha aprontado. Feijão, carne de porco e goró, num sábado com amigos, pra que  melhor? Depois “jogar conversa fora”. E ai “Marcelino que tal o porco? pergunta Fernando. “Nunca comi nada igual” responde satisfeito o pedreiro.

“ E será que foi porco mesmo Marcelo?”, questiona Fernando. “Claro, será que eu não conheço porco?”. “Pois é, não foi porco não, foi o gato do vizinho. Olhe  o couro do bichano aqui!”. Resultado foi feijão com gato pra todo lado, sem se falar que Fernando perdeu um amigo e Aniceto o seu fiel cliente, para alegria de Jorge Caçarola e Bequinho.

 

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