*Inverno*
Basta termômetros anunciarem 20º C, associados a nublado céu paulista, miúda chuva e desordenados ventos, para todos vestirem roupas hibernais, como se estivessem em Campos do Jordão, Erechim, São Joaquim ou Teresópolis.
Eu, há mais de trinta anos, antes compulsório, hoje voluntário habitante destas plagas, a nutrir saudade da estação fria sulista, curto os raros dias do inverno do Recôncavo Baiano. Moletom às costas, garrafa de bom tinto à mesa, charuto e caneta às mãos, fazem a festa no quiosque do sítio.
Sozinho – mais, para quê? – miro a exuberância verde ao derredor, delicio-me com o inigualável tempero chuva-frio-vento, aqueço o ânimo via sutilezas corporais do gosto-tato-olfato.
Temer o quê? O frio é ameno; o vinho inebria e o charuto, por ser puro por natureza, acode temores e tremores. Simbiose perfeita, a qual Baco, a seu tempo, não desfrutou.
A chuva invade os beirais do avarandado; o vento espanta as enfumaçadas espirais; o vinho, como o puro, aos poucos esgota-se e eu, envolto na miscelânea frio-vinho-chuva-charuto-vento, rabisco outra crônica.
Torço, para quando minhas embriagadas fumaças cheguem até você, comprovem - assim espero – o segredo da felicidade: basta “pô-la onde nós estamos”.
Permita-se o direito de ser feliz. Só ou na companhia de alguém, eleja momentos para desfrutar e celebrar as coisas simples e boas da vida.
Tal é o meu melhor desejo.
Hugo A. de Bittencourt
Carvalho,
economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos Menendez &
Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.
http://livrodoscharutos.blogspot.com
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