Das
pessoas que conheço, algumas preferiram viver, outras preferiram sonhar. Eu
escolhi as duas opções. Quem opta por viver, curtir a vida com tudo que ela
oferece, dificilmente ficará rico e com certeza vai levar uma vida de
dificuldades financeiras. Mas quem opta por sonhar, dificilmente realizará algo
de concreto para si mesmo ou para sua família. E numa terceira via estão
aqueles que nem vivem nem sonham. São pragmáticos, objetivos, frios, sem
emoções e apegam-se demais a bens materiais. Esses fazem fortuna. Fortuna essa
que vão gastar na velhice, na vã tentativa de recuperar a saúde perdida. Mas,
como dizem os que preferem viver assim, o dinheiro não compra a felicidade, mas
manda buscar. Isso porque, para eles, a felicidade é sempre algo material, um
objeto de desejo.
Lembrei
agora daquele magnata que foi surpreendido por um jornalista indiscreto e
inexperiente (otário), que teve a infeliz ideia de lhe perguntar se ele achava
mesmo que aquela espetacular acompanhante de luxo (quenga), gostava mesmo dele.
A resposta veio direta na ponta do queixo. “quando vou a um restaurante e peço
um prato de camarões, eu não quero saber se o camarão gosta de mim”. Tomou? Isso
costuma acontecer com gente que se preocupa mais com a vida dos outros do que a
própria. E aqui eu invoco meu grande guru, Raul Seixas, “Se você quer tomar
banho de chapéu ou esperar Papai Noel, faz o que tu queres, coisas tudo da
lei”. Ocupem-se das suas vidas. Deixem a vida de Quelé, como dizem os
soteropolitanos.
Menino
precoce, eu comecei a fumar, beber e transar aos 13 anos. Amei a vida, fiz tudo
que quis, tudo o que tinha direito e até o que não tinha, por isso não me
arrependo de nada. E o que fiz de errado, de condenável, Deus saberá me julgar
e me dar a justa sentença. Não tenho medo. Mas, voltando aos vícios, eu tinha
por hábito parar completamente de beber ou fumar, para me testar, saber se
resistiria. E, graças a Deus eu consegui, sem problemas. Fiquei seis meses
acamado, com uma grave doença, e nem o cigarro nem a bebida me fizeram falta
alguma. Fumei dez anos. Mas quando nasceu meu primeiro filho, joguei fora o
maço de cigarros e nunca mais fumei. Por questões de saúde, brinquei uma
Micareta inteira sem beber, e já cheguei a passar cerca de dois anos indo ao
bar para ver e conversar com meus amigos, sem tocar em bebida.
Mas, aqui em Feira de
Santana viveu um médico que radicalizou na sua auto disciplina. Dr. Sisnando
Lima. Ele passava um ano bebendo, um ano fumando e um ano jogando. Tipo assim:
Em primeiro de janeiro ele começava a fumar e só parava no dia 31 de dezembro.
Não jogava e nem bebia naquele ano. No ano seguinte, em primeiro de janeiro,
ele parava de fumar e começava a beber. Aí não fumava e nem jogava. No ano
seguinte, começava a jogar, e aí nem bebia e nem fumava. Há quem questione esse
sistema, mas demonstra uma força de vontade e disciplina fenomenal. Só não sei
se ele aguentaria um ano sem transar.
NE: Publicada em novembro de 2020.
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