A POBREZA continua presente no mundo, com suas trágicas consequências: violência, analfabetismo, drogas, enfermidades, sofrimento, desemprego, tráfico de pessoas, exílio, miséria, privação da dignidade… Não ter trabalho, nem receber um salário justo, não ter uma casa onde habitar, são situações que atentam contra dignidade da pessoa. A pobreza é fruto da injustiça social, da corrupção, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada. No mundo atual, poucos tem muito e, muitos não tem nada.
POPULAÇÕES inteiras padecem de fome. Multidões de
pessoas continuam a emigrar de um país para outro, à procura de alimento,
trabalho, moradia e paz. A doença, nas suas variadas formas, é um motivo
permanente de aflição que requer ajuda, consolo e apoio, principalmente das
autoridades sanitárias.
NÃO PENSEMOS nos pobres apenas como destinatários duma
obra de voluntariado, que se pratica, uma vez por semana ou por mês, apenas
para pôr a consciência em paz. Esses gestos, embora válidos e úteis, deveriam
abrir caminhos para um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma
partilha que se torne estilo de vida. A solidariedade deve ser uma atitude constante
das famílias e comunidades.
PORTANTO, somos chamados a estender a mão aos pobres, a
encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do
amor que rompe o círculo da solidão. A mão dos pobres, estendida para nós, é
também um convite a sairmos de nosso comodismo. Se realmente queremos encontrar
Cristo, é preciso que vejamos o seu corpo, no corpo chagado dos pobres.
QUE O DIA Mundial dos Pobres se torne, pois, um forte
apelo à nossa consciência, para ficarmos cada vez mais convictos de que,
partilhar com os necessitados, permite-nos compreender e viver a Palavra de
Deus. O Evangelista João afirma: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem
com a boca, mas com ações e em verdade”. (I Jo 3,18). “A esperança dos pobres
jamais será frustrada” (Sl. 9,19).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
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