* Disparos dos amores
tidos *
O tempo
está escapando de mim,
escorrendo entre meus dedos como areia,
enquanto
eu ... faço o quê?
KARL OVE KNAUSGARD in “A Morte do Pai”
No caminhar da vivência a dois,
natural percurso da existência,
deixei claros vestígios.
As marcas do tempo,
plumas de uma paineira-rosa,
voejaram ao sabor dos ventos.
Meu coração-travesseiro as guardou.
ao resgatar a série dos amores tidos,
venço o tempo
antes dele se livrar de mim.
Em 1959, na flor da idade, 18 anos,
disparei o gatilho, casei.
Não mais parei na edênica sina:
crescei
e multiplicai-vos.
Primeiro dos cinco balaços,
de distintos alcances temporais.
Justifica-se.
Casamentos são uniões com
tempo de duração indeterminado.
O primeiro tiro,
amor gaúcho-paixão,
varou 10 primaveras,
ancorou em cinco cidades
eternizou-se em cinco filhos/as.
Vívida inexperiência vivida.
O segundo disparo,
amor baiano-tesão,
longo alcance,
21 verões soteropolitanos,
um casal de filhos.
Tempo do fumar charutos a mancheia.
Lépido, nem o percebi.
Lembranças felizes.
eu, aos 40 anos,
mirei o terceiro alvo.
Amor-paralelo, aventura.
Brindou-me com uma filha.
Aprendizado necessário.
Em sequência,
amor-bandido, vulcão.
Quatro outonos.
Não frutificou filhos,
mas, muita vivência e experiência.
Inesquecíveis.
Este quarto disparo,
ricocheteou em mil paredes,
deixou algumas cicatrizes,
extinguiu-se em lavas.
Doideira pura.
Desfeita a fumaça vulcânica,
sobre
um solo íngreme, mas adubado,
equilibrei-me para o quinto tirombaço.
Em 2023,
28 invernos são-gonçalenses
e dois filhos-varões,
mantém-se firme e forte.
Amor sensato, exato.
Não sei viver sozinho.
Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista,
ex-diretor das fábricas de charutos
Menendez & Amerino,
Suerdieck e Pimentel,
vive em São Gonçalo dos
Campos – BA.
http://livrodoscharutos.blogspot.com
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