A frase foi dita durante um episódio do podcast apresentado pelo comediante Joe Rogan na terça-feira (31/10). Musk disse que algumas pessoas usariam a tecnologia para proteger o planeta, acabando com a vida humana.
O dono do X (antigo Twitter) fez a declaração pouco antes de participar de uma cúpula sobre segurança cibernética no Reino Unido.
Durante o evento, que já começou, Musk deverá se encontrar com Rishi Sunak, o primeiro-ministro do Reino Unido.
Muitos especialistas consideram as advertências feitas por ele exageradas.
Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta e ex-vice-primeiro-ministro — que também participa da cúpula — disse que as pessoas não deveriam permitir que “previsões especulativas, às vezes um tanto futuristas” excluam desafios mais imediatos.
Musk disse que seus comentários nasceram do medo de que o movimento ambientalista estivesse “indo longe demais”.
“Se você começar a pensar que os seres humanos são maus, então a conclusão natural é que eles deveriam morrer”, disse Musk.
“Se a IA for programada por aqueles que defendem a extinção da nossa espécie, a função útil da tecnologia será a extinção da humanidade… E eles nem sequer pensarão que isso é algo ruim.”
Musk deve conversar com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, na plataforma X na próxima quinta-feira (2/11).
Representantes de alguns dos países mais poderosos do mundo participam da cúpula, incluindo — o que é incomum — a China, que aparece como um componente-chave na IA.
As relações entre a China e muitos países europeus e norte-americanos são tensas em diversas áreas da tecnologia — mas o vice-ministro do país, Wu Zhaohui, disse que buscava um espírito de abertura em relação à IA.
“Apelamos à colaboração global para partilhar conhecimento e disponibilizar tecnologias de IA ao público”, discursou Zhaohui.
“Os países, independentemente do tamanho e da força, têm direitos iguais para desenvolver e utilizar a IA. Deveríamos aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento”, acrescentou ele.
A IA é 'muito importante'
Demis Hassabis nos Prêmios "Princesa de Astúrias" na Espanha, em 2022 |
Num discurso antes da cúpula, Demis Hassabis, cofundador do Google Deepmind, uma das maiores empresas de IA do Reino Unido, disse que o mantra “aja rápido e faça coisas”, comumente associado ao Vale do Silício, deveria ser evitado neste caso.
“A construção de grandes empresas e o fornecimento de muitos serviços tem sido extremamente bem-sucedida, com aplicações excelentes”, disse Hassabis.
"Mas a IA é muito importante. Há muito trabalho que precisa de ser feito para garantir que compreendemos [os sistemas de IA] e sabemos como implementá-los de forma segura e responsável."
Ele identificou riscos potenciais, incluindo o risco de a IA gerar desinformação e deepfakes, além do uso indevido deliberado da tecnologia.
Discussões sobre segurança
Nos próximos dois dias, cerca de uma centena de líderes mundiais, chefes de tecnologia, acadêmicos e pesquisadores de IA se reunirão no campus de Bletchley Park, no Reino Unido.
O local já foi o lar dos especialistas que ajudaram a decifrar códigos criptografados alemães e garantir a vitória dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
Eles participarão de discussões sobre a melhor forma de maximizar os benefícios da inteligência artificial — como descobrir novos medicamentos e trabalhar em potenciais soluções para as alterações climáticas, por exemplo — ao mesmo tempo em que os riscos são minimizados.
A cúpula vai focar nas ameaças extremas representadas pela chamada IA de fronteira, as formas mais avançadas da tecnologia que Hassabis descreveu como “ponta da lança”. O evento ainda vai debater a ameaça do bioterrorismo e dos ataques cibernéticos.
Os delegados internacionais incluem a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Algumas críticas apontam que a lista de convidados é dominada por gigantes dos EUA, incluindo os criadores de ChatGPT OpenAI, Anthropic, Microsoft, Google e Amazon — bem como o proprietário da Tesla e do X (ex-Twitter), Elon Musk.
Outros críticos questionam se os anúncios feitos no início desta semana, tanto pelos EUA como do G7, especificamente sobre a segurança da IA, ofuscaram o evento — mas Hassabis entende que o Reino Unido ainda pode desempenhar “um papel importante” nas discussões.
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