*Lugares comuns*
É claro haver uma linha condutora na arte e no prazer de fumar, mas como disse, o fato de ser arte, permite derivações e abstrações nem sempre apreendidas pelos críticos.
A ortodoxia do meu aprendizado do universo charuteiro, converteu-me, ao início, em um ‘chato de galochas’ por tentar convencer ‘mundos e fundos’ a correta maneira de desfrutar o charuto.
Lembro-me bem. Nos idos de 1978 elaborei um vade-mécum, fartamente distribuído pela Menendez & Amerino, onde entre outras ‘preciosidades’, condenava, inquisitorialmente, o hábito de alguns fumadores imergirem o bico dos charutos em licores, antes de acendê-los. De forma impositiva abjurava a ‘heresia’ por “prejudicar o sabor perseguido pelo fabricante”.
Ora, meu Deus! Qual o valor do sabor perseguido pelo fabricante, se o sabor que persigo é a simbiose do sabor de meu charuto querido com o de minha bebida predileta?
“Gostos são regalos da vida”, afirma a sabedoria popular. Portanto – mandem-me, os ortodoxos, para o inferno de Dante – use e abuse da imaginação.
Apraz-lhe embeber em licor seu prazer preferido? Faça-o!
Sem medos nem constrangimentos. Seu charuto-companheiro e a bebida-parceira, agradecidos, retribuir-lhe-ão em dobro a capacidade de se evadir dos lugares comuns da vida.
Hugo A. de
Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de
charutos Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos
Campos – BA.
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