Quando vim morar em Riachão do Jacuípe, a cerca de dois anos, ouvi uma conversa de botequim onde se falava que opositores do prefeito municipal foram ao governador do Estado pedir para que ele impedisse a chegada de uma fábrica para cidade. Isso porque, no entendimento deles, significaria mais prestígio político para o chefe do Executivo Municipal que não é aliado do Governo Estadual. Se foi por interferência do governador ou não, não sei, mas, o fato é que a tal fábrica nunca chegou à cidade.
Atualmente há rumores de que mais uma
grande empresa pretende se instalar na sede do município e novamente se diz que
adversários do prefeito voltaram ao chefe do Estado com a mesma demanda. Se
foram mesmo e se vão conseguir o apoio esperado, não se sabe. Mas, o que me
deixa intrigado é como cidadãos que deveriam, teoricamente, estar trabalhando
em favor do munícipio, usam o prestígio político para impedir seu progresso.
Eu
percebo que, como em muitas cidades baianas, (principalmente as pequenas) esse
comportamento antiquado e mesquinho é muito comum. Noto que isso é recorrente
do estreito pensamento do “nós” contra “eles”. Ninguém se importa com partido
político, ideologia, ou coisa que o valha, apenas o meu e o seu. Não há interesse político partidário nestas
ações. Somente o sentimento de domínio: é “nós” ou “eles”. E o município que se
dane.
Ninguém está preocupado com programas
de governo, capacidade e caráter de quem irá governar o município. Importa
apenas quem vai vencer as eleições. Confesso que não compreendo muito bem esse
sentimento político que não tem outra bandeira senão a de vencer o adversário a
qualquer preço.
Também notei nas conversas de mesa de
bar que, para essas pessoas, o importante é que o grupo vencedor dará emprego
àqueles que o apoiarem e os que não o apoiarem ficarão desempregados. É sabido
que a União, o Estado e o Município, são os maiores empregadores, porque não
existem grandes empresas para absorver a demanda de desempregados. Impedir a
chegada dessas empresas ao município equivale a manter os munícipes presos no “cabestro
eleitoral”, no melhor estilo “vote em mim ou morra de fome”.
Esse modo de fazer política só faz com
os pequenos municípios encolham ao invés de crescer. Fato esse comprovado no
último censo, levando prefeitos e governadores ao desespero por descobrirem a
revoada de eleitores. É que, com a falta de emprego, os jovens procuram os
grandes centros em busca de oportunidades.
Como desatar esse nó? Parece impossível,
não é? Mas, tem jeito. Necessita apenas de um pouco de coragem para dizer não a
esse sistema perverso, que já não tem mais espaço no século XXI. Caso os
eleitores continuem a pensar em “eles ou nós” e não no bem maior da cidade, vão
continuar como sempre mijando contra o vento.
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