Raro privilégio
Em tempos de tropical inverno, às quase-margens da Baía de Todos os Santos, Recôncavo Baiano – morada de poucos nacionais contemporâneos - dou costas aos glaciais beijos que meus beiços gelam e me atiro aos tintos abraços de Baco.
Envelhecendo em espantosa velocidade, reinvento-me. Vencida a fase do afogar-me em destilados, sucedida por bela temporada cervejeira, descubro o óbvio, “in vino, veritas”.
Assim, garrafa e meia detonada no elucubrar ações para o coletivo literário, do qual sou discreta parte, aparto pensamentos que me assolam e consolam.
Consolam, posto reconhecer que superadas as oitenta toneladas de vida, peso imaginável apenas pelos que alcançaram tal patamar, longevos pois, poucos detêm o paralelo privilégio de se corresponder, ombro a ombro, ‘tête a tête, com uma bisneta que vem de completar a maioridade. Quem, em tal fonte já houver bebido, alcance-me sua taça para brindarmos juntos. Afinal, trata-se de experiência incomum para um mortal comum.
Hugo Adão de Bittencourt Carvalho (1941), economista, cronista, é
autor do livro virtual
Bahia – Terra de Todos os Charutos, das crônicas Fumaças Magicas
e Palavras ao Vento,
participa do Colares – Coletivo Literário Arte
de Escrever. Vive em São Gonçalo dos Campos - Ba
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