O corpo de Carlos Pitta, cantor e compositor feirense que morreu na terça-feira (7), foi cremado nesta quarta-feira (8), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. O artista estava internado no Hospital Roberto Santos, em Salvador, e não resistiu às complicações do diabetes.
Amigos
e familiares prestaram homenagens e cantaram músicas durante a cerimônia,(Vídeo a seguir) como
“Cometa Mambembe”, composta por ele e Edmundo Caroso gravada mais recentemente pelo pernambucano
Alcymar Monteiro. (
Em entrevista à TV Bahia, o forrozeiro Del Feliz disse que Carlos Pitta era uma referência para muitas pessoas. “Ele foi um dos percussores desse movimento do Axé e do forró na Bahia. Foi responsável por uma canção que é hino [Cometa Mambembe] tanto no carnaval, quanto no São João, e uma das mais tocadas dos últimos tempos. Ele era um músico e artista completa. Eu perco um parceiro e um amigo, porque, quem conviveu com ele sabe que perdemos um grande ser humano”, disse o artista.
Ivete
Sangalo lamentou a morte do cantor e compositor e disse que ele faz parte da
história da vida dela.
“Eu
estou muito triste, lamento demais a partida de Carlos, mas muito agradecida
por todo o carinho, por toda a história que ele escreveu dentro da minha vida e
pelas coisas maravilhosas que aprendi”, declarou Ivete em mensagem de áudio
enviada com exclusividade ao g1.
De
acordo relato da cantora, Pitta foi um dos artistas que reconheceu o talento no
início da carreira. Ela destaca que ele sempre teve grande importância em sua
vida.
“No
começo da minha carreira, foi um cara que me despertou… muitas coisas lindas,
assim… da vida artística, o gosto pela boa música, nos conectamos
imediatamente. Ele foi extremamente generoso comigo, além de me colocar pra
tocar em muitos bares da cidade de Salvador. Conheci grandes músicos através de
Carlos Pitta”.
Ivete
já contou essa história em outras ocasiões. Em 2023, em entrevista ao podcast
“Mano a Mano”, perguntada sobre pessoas que deram grandes oportunidades em sua
carreira, Ivete relatou que tinha 17 anos quando Pitta a viu cantar e, de
imediato, disse: ‘Menina, você tem uma voz bonita. Você tem que tocar’.
Ela
se lamentou por não ter um violão elétrico e Carlos Pitta emprestou seu próprio
instrumento para que ela pudesse avançar na carreira e iniciar apresentações em
barzinhos.
“Ele
emprestou um violão incrível, um violão que era o chamego dele. Me emprestou e
chamava os amigos pra ir. Eu tinha 17 anos”, comentou.
Artistas
e autoridades baianas também lamentaram a morte de Carlos Pitta na terça. Um
deles foi Gilberto Gil, que enviou um vídeo para a TV Subaé, afiliada da Rede
Bahia na região de Feira de Santana.
Na
mensagem, o músico reconheceu o legado de Pitta e destacou a relação pessoal
entre os dois — eles eram compadres.
“Um
artista muito engajado, muito enraizado nas coisas, especialmente nas coisas
regionais nordestinas, mas também com uma ampla visão sobre a Música Popular
Brasileira. Enfim, deixou um trabalho muito interessante”.
Para
Gil, Pitta era ainda uma pessoa “muito delicada”. “No meu caso pessoal, deixa
saudade”, acrescentou.
Artistas
e amigos lamentam morte do cantor Carlos Pitta
A
cantora, compositora e atual ministra da Cultura, Margareth Menezes, emitiu
nota e disse que “Carlos Pitta foi um gigante da música da Bahia e do Brasil
que deixa um legado importante e belíssimo”.
“Tive
a honra de gravar duas composições dele. Uma delas, ‘Tenda do Amor’, logo no
início da minha carreira, ganhou um clipe de repercussão internacional. Recebo
a notícia da sua passagem com muita tristeza. Artista querido, ele será para
sempre lembrado pela sua obra. Meus sentimentos à família, aos amigos e fãs”,
comentou Margareth.
Em publicação no Instagram, o forrozeiro Targino Gondim compartilhou uma foto de Pitta, tocando violão.
“Meu
amigo querido e representante da nossa música! Deus o tenha e o abençoe bem
muito! Siga em paz, irmão”.
Targino
mencionou ainda um verso de “Cometa Mambembe”, uma das mais famosas composições
do artista: “Tenha fé no azul que está no frevo”.
Outra
música escrita por Pitta que alcançou o topo das paradas de sucesso em todo o
país foi “Rebentão”, gravada pela banda Cheiro de Amor, com Márcia Freire nos
vocais, no auge do sucesso.
Quem também lamentou a perda foi o cantor Alcymar Monteiro, um dos intérpretes de “Cometa Mambembe”. Em nota de pesar publicada no Instagram, o artista destacou que Pitta era “mais que um compositor”. “(…) era um visionário, um homem que vivia a música com intensidade e verdade”.
“Hoje,
meu coração se enche de tristeza ao me despedir de um grande amigo e parceiro
de tantos momentos musicais, Carlos Pitta. Perdemos um verdadeiro gênio da
nossa cultura, um poeta que sabia transformar a alma nordestina em canção”.
Carlinhos
Brown também expressou seu pesar. Para o mestre, a obra de Carlos Pitta,
“repleta de poesia e musicalidade”, deixou um legado imortal que seguirá
inspirando gerações.
“Sua
contribuição para a cena da música Popular Brasileira é imensurável, e sua
ausência será profundamente sentida. Um abraço forte aos familiares e amigos
neste momento de dor. Carlos Pitta sempre será lembrado com carinho e respeito
por todos que tiveram a honra de vivenciar sua arte”.
O
texto é semelhante à mensagem gravada pelo forrozeiro Del Feliz para a TV
Subaé, afiliada da TV Bahia na região de Feira de Santana. O músico reforçou
que a Bahia perdeu um grande artista com a partida de Pitta.
“[Ele
foi um] Grande musicista, extraordinário compositor, intérprete, um artista
completo com muita história, com um legado incrÍvel”, elogiou Del Feliz,
lembrando também que fez diversas colaborações com Pitta ao longo da carreira.
Repercussão
entre autoridades
Entre
as autoridades, além de Margareth Menezes, o governador da Bahia, Jerônimo
Rodrigues (PT), e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA),
Adolfo Menezes (PSD), se pronunciaram.
O
deputado emitiu uma nota à imprensa, relembrando a trajetória do músico. “Meu
abraço solidário às ex-companheiras Kátia e Morgana, aos filhos Clara, Ian e
Nayana, ao neto Pedro, e a todos amigos, fãs e conterrâneos de Pitta, que muito
embalou meus anos de juventude com o seu hit ‘Cometa Mambembe’, parceria com
Edmundo Carôso e regravada por diversos artistas da MPB. Que Deus lhe dê o
descanso eterno, porque a sua obra musical, como produtor, pesquisador, cantor
e compositor já está eternizada”.
Já
o governador manifestou pesar e solidariedade aos familiares de Pitta através
do X, antigo Twitter. “Que Deus conforte os corações de todos neste momento de
dor”, disse, definindo o artista como um “ícone da Música Popular Brasileira”.
O
prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, emitiu nota de pesar
após a morte de Carlos Pitta. Ele destacou que artista feirense construiu uma
carreira sólida e admirada.
“A
morte de Carlos Pitta representa uma grande perda para a música e para a nossa
cidade. Ele foi um grande artista que deixou um legado imensurável. Seus
álbuns, suas composições e suas apresentações ficarão para sempre na memória do
nosso povo”, afirmou o prefeito.
Nascido
em Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, ele tinha quatro décadas
de carreira, com mais de quinze discos lançados e destaque em ritmos regionais,
como forró e xote.
Pitta
tem canções gravadas com artistas como Elba Ramalho, Alcione e Margareth
Menezes e já dividiu o palco com nomes como Caetano Veloso, Dominguinhos,
Geraldo Azevedo, Belchior, Nando Cordel, Fagner e Ivete Sangalo.
Ao
longo da carreira, se apresentou em países como Estados Unidos, Alemanha,
Itália, Bélgica e na Suíça (no renomado Festival de Montreux). Estudioso da
música, cursou Composição e Regência na Universidade Federal da Bahia em 1975,
além de ter trabalhado com compositores da música erudita contemporânea, a
exemplo de Ernest Widmer.
Destaques
na carreira
Carlos
Pitta estreou com seu primeiro disco em 1979. Intitulado “Águas do São
Francisco – Lendas”, a produção é inspirada em cordéis.
Em1982,
lançou o disco “Coração de Índio” em parceira com o poeta José Carlos Capinan.
Nesse disco foram gravadas músicas de Gilberto Gil, Edu Lobo, entre outros
artistas.
Em
1986, com a poetisa Myriam Fraga e o artista plástico Calazans Neto, Carlos
Pitta lançou o disco “A Lenda do Pássaro que Roubou o Fogo”, com arranjos do
maestro Lindenberg Cardoso e apresentação do escritor Jorge Amado.
Fonte: Acorda Cidade /G1
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