Brasil tem expectativas com a indicação de Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles.
Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, fez história ao receber na quinta-feira (23/1) três indicações ao Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres como Melhor Atriz.
É a primeira vez que um filme brasileiro é indicado como melhor filme, a principal categoria do prêmio mais importante do cinema.
Foi o segundo maior número de indicações recebidas por uma produção nacional — o mérito foi de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, que recebeu quatro em 2004: direção, roteiro adaptado, montagem e fotografia.
Esta é a segunda vez que Salles é indicado ao Oscar. A primeira foi em 1999 com Central do Brasil, que concorreu como Melhor Filme Internacional. Fernanda Torres repete o que sua mãe conseguiu naquele ano, indicada como melhor atriz como protagonista de Central do Brasil.
Fernanda interpreta Eunice Paiva, a mulher do deputado Rubens Paiva, que é assassinado pela ditadura militar, e mostra como ela e seus cinco filhos atravessam essa crise.
"A vida é incrível, porque às vezes esses momentos de terrível dificuldade acabam formando seu caráter. E é o que eu acho que aconteceu com a Eunice", disse a atriz à BBC News Brasil.
A indicação veio após ela ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama.
A vitória foi uma surpresa para muitos críticos e boa parte do público, batendo nomes de peso como Demi Moore, Nicole Kidman e Kate Winslet.
À BBC, Fernanda, que já ganhou vários prêmios ao longo da carreira e é uma das atrizes brasileiras mais reconhecidas no exterior, manteve a modéstia.
Ela já considerava um feito e tanto ganhar o Globo de Ouro, equiparável a escalar a segunda montanha mais alta do mundo, e estava um pouco cética sobre a indicação ao Oscar.
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Fernanda Torres é uma das atrizes brasileiras mais reconhecidas no exterior |
"É claro, eu ficarei mais do que feliz se eu for indicada ao Oscar. Se eu conseguir um lugar na base do Everest, eu ficarei mais que satisfeita, mas ganhar...", disse a atriz e justificou por que em seguida.
"Eu odeio expectativas. Sou uma pessimista por natureza. E o que vier, vou ficar feliz."
A "tropa de likes" do Brasil compareceu em peso em postagens nas redes sociais sobre Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui, chamando atenção para o longa brasileiro — que foi premiado por seu roteiro no Festival de Veneza e concorre em outras premiações importantes, como o Bafta.
Esse apelo popular é importante em prêmios do cinema e, especialmente, no Oscar, como apontou a crítica Isabela Boscov em entrevista à BBC News Brasil.
Ao mesmo tempo, apontou Fernanda Torres à BBC, as indicações são em parte um mérito de Ainda Estou Aqui, que é uma história triste, reconhece a atriz, "mas você sai do cinema com sentimento de esperança".
Ao mesmo tempo, d a atriz, "Ainda Estou Aqui ensina aos jovens o que realmente significa viver em uma ditadura".
Não é à toa, portanto, que muitos destes expectadores mais jovens venham resgatando e compartilhando no TikTok relatos de tortura e assassinato pelas mãos do regime em suas famílias.
Agora, quem for assistir vai sair com uma dose extra de esperança, de que o Brasil faça história de novo com Ainda Estou Aqui no Oscar.
Neste ano, Emília Perez foi o mais prestigiado no anúncio desta quinta-feira, com 13 indicações, enquanto Wicked ficou em segundo com 10.
No Oscar, bateu recorde com o maior número de categorias a que uma produção em outro idioma que não o inglês já foi indicada e vai de bater de frente com Ainda Estou Aqui nas três categorias ao que o filme brasileiro foi indicado.
Os resultados que serão anunciados na cerimônia do Oscar em 2 de março, que é, por sinal, um domingo de Carnaval, dia propício para fazer festa no Brasil.
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