terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Segunda é dia de CRÔNICA: O paraíso perdido

Até as pedras da Rua Chile - a mais antiga do Brasil - sabem que Deus estava namorando quando teve uma epifânia e botou na prancheta o Rio de Janeiro com morro, mar e lagoa. O estagiário do marketing viu e colocou o nome de Paraíso adotado de forma ampla, geral e irrestrita, para o restante da obra do Criador.

Com o universo cenográfico pronto, Deus, achou que seria bom um reality show para os anjos e do barro original criou o homem e a mulher. Botou no sol para secar: um rachou e o outro brotou. Depois daí nunca mais houve paz nos consultórios dos analistas. E ainda botaram a responsabilidade na serpente, mostrando que culpar os outros sempre foi tendência nas relações conjugais. Depois dessa fake-news ainda reclamam que ela anda por aí destilando seu veneno.

Não se sabe se por isso, mas a violência já comia solta com taxas de homicídio ao redor de 50% da população, com Caim matando Abel na subida do morro. Não é à toa que o Rio se tornou o paraíso perdido, no qual a estátua do Senhor anda com os braços levantados, sem relógio, adereços e celular para atender as preces por proteção que lhe são dirigidas.
O descendente direto de Deus que ocupa o Rio são os cariocas, providos de habilidades eleitorais incomparáveis. Seus quatro últimos governadores já foram presos - isso em uma terra que não prende ninguém. O atual disse que o pega pra capar geral que anda rolando não tem nada a ver com ele. Pelo jeito, aliás, nem com o STF, já que seus ministros iluministas proibiram a Polícia de subir o morro criando a primeira Zona Livre do Crime, um avanço sem igual em todo mundo.
No Rio, em que se mata no atacado e no varejo, o prefeito Paes( é tetra, é tetra)foi reconduzido pelo povo a novo mandato por sua revolucionária proposta de colocar “ Ozempic”,poderoso remédio para emagrecer, nos postinhos de Saúde. Dudu “Ozempic”, está sendo injustiçado, como a serpente, por acharem que diante de tanta violência ele preferiu combater a obesidade.
O prefeito é um visionário. Ao reduzir o peso as pessoas terão muito menos chance de serem atingidas por bala perdida. Quem perder metade do peso terá 50% menos chance de ser vítima. Ao chegar no bar ainda pode contar vantagem.
- As balas passaram raspando. Não fosse o Ozempic, teria batido as botas e não estaria aqui para contar.
Isso sem contar que com a redução de peso terão muito mais agilidade para fugir dos arrastões. A magreza exigirá que atiradores melhorem sua pontaria e o STF será obrigado, inclusive, a permitir que a Polícia volte a ir aonde a Polícia tem de ir.
Dudu não perde por esperar o rodapé da história em que, por fim, será reconhecido como o Salvador. Igual ao primeiro.

𝗖𝗲𝘀𝗮𝗿 𝗢𝗹𝗶𝘃𝗲𝗶𝗿𝗮 - Tabaréu, feirense, médico, professor, apaixonado por palavras, pessoas e a vida. Sou de mato, vinhos, cafés, pratos, prosas - falada e escrita. Essa tem sido minha receita.

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