
Se levantar a arma para a polícia, prega fogo nele (José Luiz Datena, jornalista e apresentador)
No Brasil, a Polícia não é respeitada, mas sim temida. Daí tanto pânico e morte.
Em princípio, devo dizer que concordo com a frase que usei na coluna
de hoje, do Datena: se o policial for ameaçado com uma arma, realmente
não lhe resta outra alternativa senão atirar. É assim aqui, na Alemanha,
nos Estados Unidos, mundo afora. Todavia, o que vem ocorrendo no Brasil
é uma sequência de perseguições e mesmo abordagens policiais
desastrosas, resultando na morte de crianças e jovens, muitos deles sem
qualquer envolvimento com crimes. Para piorar, temos a prática de alguns
policias que alteram a cena do crime, plantando armas e drogas e
produzindo até falsos depoimentos, para encobrirem seus erros fatais,
que enlutam famílias todos os dias.
No caso da fuga em barreiras policiais, muitas vezes, claro, o
fugitivo tem culpa de algum crime e tenta escapar. Porém, é necessário
que a polícia aja com a máxima serenidade possível, o que só se consegue
com excelente treinamento, e tente de TODAS as formas parar a pessoa
sem matá-la. Mas não é o que se vê. A ordem é atirar para matar e depois
verificar qual era o problema do então já defunto.
Mas passa por tais cenas também um fator muito importante: tantas têm
sido, na Bahia e no resto do Brasil, as atrocidades praticadas por
policiais contra pessoas já dominadas e presas (até esquartejamento, por
exemplo), que os cidadãos, hoje, em vez de respeitar essa polícia, como
deveria ser, tem TERROR ao policial. Então, ás vezes por causa da falta
de um documento ou qualquer outra falha legal menor, preferem fugir.
Uma situação dramática e perigosíssima.
Ainda sobre a Polícia (I)
Nos Estados Unidos, a Polícia também comete algumas atrocidades, mas
seus autores são severamente punidos e, mais que isso, a família da
vítima é indenizada: este ano, por exemplo, tivemos a notícia de que
a família de Tamir Rice, adolescente de 12 anos que foi morto pela
polícia de Cleveland (Ohio) em 2014, irá receber uma indenização de US$ 6
milhões (mais de R$ 20 milhões) da cidade americana, segundo reportagem
do jornal "New York Times".
Aqui, as autoridades tentam até o último culpar a vítima e no mais
das vezes apoiam, explícita ou subliminarmente, a ação ilegal a fatal do
policial.
Ainda sobre a Polícia (II)
Outra questão sobre a aqui já comentei aqui algumas vezes é a
explícita falta de autoridade do comando geral, no caso das Polícias
Militares, em todo o País, em relação às equipes de choque e outras mais
radicais que saem para rondas na calada da noite.
Quem está dentro dessas corporações sabe exatamente do que estou falando. São eles que mandam, fazem o querem e ponto final.
Ainda sobre a Polícia (III)
É evidente que existem muitos policiais civilizados – e que nem por
isso deixam de agira duro quando estritamente necessário, inclusive para
salvar suas vidas -, assim como há oficiais que têm a plena noção dos
absurdos que são cometidos.
No entanto, entre ter boas intenções, conhecer as normas legais de
ação e pô-las em prática pela maioria dos policiais, há enorme
distância. Distância, aliás, cada vez maior neste país onde até médicos
induzem coma em pacientes para levá-los a UTIs particulares e receber
“gorjetas” de até R$ 15 mil, como estava ocorrendo no SAMU de Goiânia. É
o caos generalizado!
Ainda sobre a Polícia (IV)
No Brasil, nunca é demais dizer, a morte está banalizada ao extremo.
Morrer sob violência e matar tornaram-se uma rotina dantesca, assim como
têm sido quase patéticos os pedidos por Justiça. Governos e
parlamentarem não têm o MÍNIMO interesse em encarar fundo a questão,
sabe-se lá por que.
E quando se mata uma pessoa, alguma família, algum pai, alguma mãe,
marido, mulher, irmão, vai ficar de luto e jamais terá de volta aquela
pessoa. Pobres fazem tanta falta aos seus entes queridos como acontece
com os ricos e “socialites”.
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