Um aluno
entra na sala e coloca não o caderno, mas uma arma sobre a mesa. Outro salta
pela janela do segundo andar, no meio da aula, para fugir de um traficante. Uma
garota entra correndo e chorando após ter conseguido se livrar de dois colegas
que tentavam abusar dela no banheiro.
O estresse
causado por situações como essas já fizeram a professora Ane Sarinara, que
ensina História na periferia de São Paulo, se afastar do trabalho e até pensar em
desistir. Mas recentemente ela criou uma estratégia para envolver os alunos nas
aulas: usar funk e rap para trazer um pouco do cotidiano difícil deles para a
sala.
"A
escola está completamente fora da realidade deles, e educação, sem significado,
não tem sentido nenhum. É aquela ideia: você finge que explica, eles fingem que
entendem. São cidadãos que não gritam, que não berram, omissos, obedientes.
Costumo dizer que não estudei para domesticar aluno. Querem que eu faça isso,
mas eu não consigo", conta ela à BBC Brasil.
Para quem
questiona a opção por esses ritmos musicais, a professora de 27 anos, há oito
na profissão, tem a resposta na ponta da língua: "os alunos gostam disso,
é o que eles escutam e é a linguagem que eles sabem".
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