
Garofalo é finalista do Global Teacher
Prize 2019, o prêmio internacional mais prestigiado da área da educação.
O ganhador será anunciado no dia 24 de março. Ela concorre com
professores da Grã-Bretanha, Holanda, Austrália, Geórgia, Índia, Japão,
Argentina, Quênia e EUA.
No dia a dia como professora de
tecnologias da escola EMEF Almirante Ary Parreiras, na capital paulista,
Garofalo agrega à lousa outros instrumentos para ensinar.
Pelas
mãos dela e de seus alunos, que têm entre 6 e 14 anos, o lixo jogado nas
ruas das favelas de São
Paulo se transforma em soluções para problemas
da comunidade. Garrafas pet, vidro, restos de fiação viram filtro de
água, semáforo, máquina de sorvete, e até tecnologia de energia
renovável para substituir o gato elétrico em casas da favela.
"Coletamos lixo das ruas das comunidades próximas à escola e
fizemos um primeiro carrinho movido a balão de ar. Esse carrinho virou
febre e, no dia seguinte, tinha criança do lado de fora me esperando com
materiais recicláveis querendo fazer o carrinho", disse Garofalo à BBC
News Brasil.
Assim nasceu o projeto "Robótica com Sucata" - que virou referência no Brasil e ganhou a atenção do mundo.
Em
quatro anos, mais de 700 kg de lixo foram retirados das ruas pelos
estudantes; o resultado da EMEF Almirante Ary Parreiras no Índice de
Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do
ensino, subiu de 4.2 para 5.2; e alguns alunos de Garofalo já decidiram
que querem ser físicos, engenheiros ou programadores.
"Um dos meus primeiros alunos passou agora em física
na USP. É um orgulho enorme", conta a professora, que é formada em
Letras e Pedagogia.
Garofalo diz que, se ganhar o prêmio de US$ 1
milhão daquele é considerado o "Nobel da educação", vai reverter todo o
dinheiro na construção de laboratórios de robótica em escolas públicas
do país. "E, se eu não ganhar, já fica a lição de que é possível fazer
grandes coisas com poucos recursos e que precisamos aprender a inovar",
afirma.
Em entrevista à BBC News Brasil, ela defende que, para
gerar entre os jovens interesse em estudar, as escolas precisam
"reinventar" a forma como o conteúdo é repassado. Segundo a professora,
as novas gerações não aprendem da mesma maneira que as anteriores, de
olho no quadro negro.
"A escola precisa ser atrativa e dar
sentido prático ao que é ensinado. E os professores devem envolver as
crianças na resolução de problemas, torná-las protagonistas do
aprendizado. O meu papel é, junto com eles, errar, testar, fazer com que
cheguem às conclusões e criem, sem simplesmente entregar a eles as
respostas."
Crítica do projeto Escola sem Partido, Garofalo
defende que a solução para melhorar a qualidade da educação básica no
Brasil "não passa por gastar dinheiro público fiscalizando professor em
sala de aula".
"Eu acho essa discussão totalmente infundada. Sou
professora há 14 anos e nunca vivenciei isso (doutrinamento). Meu papel é
fazer com que meus alunos sejam críticos e reflitam sobre diversos
assuntos, sem emitir minha opinião pessoal, mas debatendo diversas vozes
e opiniões."
Veja os principais trechos da entrevista de Garofalo à BBC News Brasil.
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