sexta-feira, 1 de março de 2019

A reinvenção do cérebro




Ler, e controlar, pensamentos. Implantar memórias, aumentar a inteligência, transmitir informações por telepatia. Existem cientistas tentando fazer tudo isso – e, em alguns casos, conseguindo. Conheça as pesquisas que pretendem revolucionar a mente humana.
A reinvenção do cérebro
Ler, e controlar, pensamentos. Implantar memórias, aumentar a inteligência, transmitir informações por telepatia. Existem cientistas tentando fazer tudo isso – e, em alguns casos, conseguindo. Conheça as pesquisas que pretendem revolucionar a mente humana.
1. Ler pensamentos (e até sonhos)

Situação atual: testes em humanos

No romance 1984, George Orwell imaginou um futuro em que o Estado fiscaliza até os pensamentos dos cidadãos. Isso é feito vigiando as pessoas enquanto elas assistem à televisão, um método precário e lento (o protagonista do livro, Winston, só é preso após sete anos de monitoramento). No futuro, isso poderá ser feito em tempo real – e diretamente do cérebro.
A ciência ainda está longe de entender como a mente humana funciona. Mas de uma coisa ela já sabe: tudo o que se passa dentro das nossas cabeças pode ser reduzido aos padrões de sinais elétricos que percorrem as sinapses do cérebro. Se você conseguir capturar e decodificar esses sinais, em tese poderá descobrir o que alguém está pensando.
Na última década, várias equipes de pesquisadores tentaram – e, dentro de certos limites, conseguiram – fazer isso. Primeiro, o voluntário é colocado dentro de um aparelho de ressonância magnética, que enxerga os fluxos de sangue dentro do cérebro. Ele cria um mapa com 1 milhão de voxels: cubinhos com 100 mil neurônios cada um. Em seguida, os cientistas mostram determinados estímulos para a pessoa – fotos, palavras, sons –, enquanto monitoram o cérebro dela. Cada elemento (a imagem de um pássaro, por exemplo) ativa determinados conjuntos de neurônios – e a máquina de ressonância, observando o fluxo de sangue para cada um dos voxels, enxerga isso. Repita a medição algumas dezenas ou centenas de vezes, e você terá uma biblioteca de padrões. Quando a pessoa imaginar um pássaro, por exemplo, você saberá que esse pensamento ativa determinados voxels, e poderá identificá-lo.
Em 2017, cientistas da Universidade Carnegie Mellon1 combinaram essa técnica com um sistema de inteligência artificial e conseguiram adivinhar, com 87% de acerto, o que os voluntários estavam pensando. Ok, o sistema é primitivo: limita-se a indicar a presença ou ausência de 42 elementos (como “animais”, “violência”, “perigo”, “deslocamento”, “pessoas” e “grupo de pessoas”) no pensamento. Mas, em outras pesquisas, esse mesmo método foi além: conseguiu indicar se os voluntários estavam pensando, ou não, numa determinada imagem ou cena.   
Talvez seja possível decifrar até um dos fenômenos mais misteriosos da mente humana: os sonhos. É o que acreditam pesquisadores da Universidade de Kyoto, no Japão. Eles colocaram voluntários para dormir2 dentro de máquinas de ressonância magnética. Monitorando a atividade cerebral dessas pessoas, o sistema foi capaz de detectar a presença ou ausência de 20 elementos (como “carro”, “livro”, “prédio”, “mulher”, “homem”, “rua” ou “comida”) nos sonhos das pessoas. Assim que a pessoa terminava de sonhar – o que era constatado monitorando suas ondas cerebrais –, ela era acordada e os cientistas perguntavam o que ela havia sonhado.
A leitura de padrões cerebrais tem usos nobres, como permitir que pessoas paralisadas voltem a se comunicar. Mas também pode tomar caminhos sinistros, permitindo que regimes totalitários leiam à força a cabeça de alguém. O mais provável é que aconteça o que acontece com quase todas as tecnologias:
um pouco de cada coisa.

Veja matéria completa no site Super Interessante

Nenhum comentário: