Cultura Popular perdeu muitas das suas antigas expressões
Feira de Santana nasceu de comercio de gado, de uma feira-livre que se formou nos arredores da fazenda Santana dos Olhos D’Água, de propriedade do casal Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa, onde pousavam vaqueiros que traziam rebanhos bovinos para o mercado de Salvador. A sua cultura se formou em torno disso, tendo como expressões originais o vaqueiro encourado e seu inseparável cavalo, o artesanato de couro, comidas típicas, como a rabada, o mocotó, o fato, churrasco e o tradicional feijão com arroz, e os aboios, toadas e samba de roda.
A Festa de Santana (padroeira), a Micareta e os festejos juninos eram as festas máximas da cidade. Com a extinção da parte profana da Festa de Santana nos anos 80, desapareceram expressões da cultura popular feirense Como a Lavagem da Igreja, a Levagem da Lenha e o Bando Anunciador, onde o povo realizava manifestações espontâneas de alegria, protesto e religiosidade.
A Micareta e o São João continuam sendo as maiores festas da cidade, mas totalmente descaracterizadas, sem a presença das antigas expressões da cultura popular, como os mascarados, os bailes de salão e o desfile de fantasias, na Micareta, e as visitas às casas dos vizinhos para tomar um licor, comer amendoim, bolo, canjica e milho assado, sempre perguntando aos donos da casa: “São João Passou por aí”?
Hoje já se diz que Feira de Santana está se transformando num subúrbio de Salvador. Quanto mais se aproxima, se liga à cultura soteropolitana, a cidade perde um pouco das suas características, de sua identidade. O vaqueiro não está mais correndo montado em seu cavalo (agora é moto) não mais o chapéu de couro, mas o boné de marca. Não tem mais o jaleco de couro, descaracterizando esse personagem indispensável para a representação da cultura feirense.
Os governantes, de um modo geral, parecem não ter noção ou se importar com a cultura local, A Secretaria de Cultura, que ainda engloba Esporte e Lazer, não se articulada com a de Educação, para formar um público, mostrar quais são as manifestações culturais mais autênticas, (mesmo incorporando novas), para prestigiar os artistas locais. Mas a criação de uma específica Secretaria Municipal de Cultura, articulada com a Secretaria Municipal de Educação, não consta dos planos dos governantes. Uma solução alternativa seria a criação de cooperativas de produtores culturais, mas o espírito de associativismo não é comum no Brasil. E em Feira de Santana não é diferente.
Novas manifestações
Se por um lado a cidade perdeu muitas das suas originais expressões de Cultura Popular, outras foram surgindo ao longo do tempo e, inclusive, uma delas foi resgatada, o Bando Anunciador da Festa de Santana. Surgiram ainda a Caminhada do Folclore e o desfile Escola na Avenida, eventos que envolveram não só a Cultura Popular de Feira como também de municípios vizinhos. O Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), órgão da Universidade Estadual de Feira de Santana, assumindo verdadeiramente o papel de centro produtor e promotor de Cultura e Arte, quando tomou iniciativas que promovem e resgatam os melhores valores culturais da cidade. Em 2007, resgatou o tradicional Bando Anunciador da Festa de Santana.
Mas, se a cidade ganhou, também perdeu. Porque tanto a Caminhada do Folclore quanto a Escola na Avenida já não acontecem há cerca de dois anos, numa prova inequívoca da má vontade e descaso dos governantes para com a Educação, Cultura e Arte
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