domingo, 1 de novembro de 2020

Se é por falta de nome bota bi

    Eufrosina era “frô”, Petruliano era “petru”, Filhermon, com lh, era “filé” e agora chegava o quarto filho ou filha, naquele tempo não havia como saber com exatidão o sexo do bebê. O medo na família aumentava. Ninguém entendia a predileção de seu Carlos, um honesto funcionário dos Correios, por nomes tão esquisitos e feios. Nem mesmo a dedicada Maria Perpolina, sua fiel  companheira.    Seu Carlos já tinha uma relação de nomes: Melquisedeque, Zebedeu ou Nabucodonosor,  “são nomes bíblicos”, argumentava, isso no caso de um menino. Se uma menina Claristéia, Zenobia  ou Hermenegilda. O clima era de expectativa na família e entre os amigos mais próximos, dentre eles o Aluísio, que também era dos Correios.

            Até que o velho Poncio, avô de dona Perpolina, na lúcida maturidade dos seus 89 anos sugeriu: “E por que não bilíngue. Hoje não é tudo bilíngue, homem, mulher não é tudo bi?”. Seu Carlos inchou, pensou até em aplicar uma rasteira em seu Poncio, mas levando em conta a idade dele e o laço familiar preferiu sair mais cedo para o trabalho!

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