quarta-feira, 5 de julho de 2023

Dinha Ada

       

Me peguei ultimamente escrevendo muitas homenagens póstumas. De repente me lembrei de Pelé que dizia: “Se querem me prestar homenagens, que o façam em vida. Porque depois de morto eu não estarei aqui para recebe-las.”  Então resolvi escrever sobre esta pessoa que foi e é tudo na minha vida: Ada Maria Mascarenhas Bahia. Foi por causa dela que eu sobrevivi. É a filha do casal Anacleto e Aurelina Mascarenhas. Me tomou sob sua guarda e de seus pais aos dois meses de idade. Com certeza foi por isso que sobrevivi, pois eu era uma criança muito doente. Me batizou juntamente com seu irmão José Olympio, e mais tarde o seu então noivo, Bernardino Bahia (Pipiu), me crismou integrando-me assim totalmente a família Mascarenhas, só não fui registrado como tal, porque meu pai biológico o já havia feito.

Mas, quem assumiu total responsabilidade sobre mim foi Dinha Ada, minha madrinha. Cuidou de mim durante toda a minha vida, como uma verdadeira mãe. Nos momentos mais difíceis da minha infância e juventude foi ela quem  me protegeu, me ensinou, me educou, castigou e fez de mim o homem que sou. Talvez eu não tenha correspondido as suas expectativas, mas, tenho certeza que ela se orgulha de mim, pois não fiz nada para denegrir a imagem da família.

Eu fui rebelde sim. Talvez, até mais do que  a maioria dos jovens, de tal forma nos enrusgamos várias vezes.  O desentendimento maior foi quando depois de casado e com dois filhos, desfiz o casamento. A coisa ficou feia. Ficamos algum tempo distanciados. Por fim, como tinha que ser, nos abraçamos e a vida continuou. Voltando um pouco no passado, ela me alfabetizou em casa, de forma que cheguei à escola primária sabendo ler e escrever. Eu me lembro quão orgulhosa ela ficou quando eu lhe dei de presente um disco comprado com o meu primeiro salário.       

Mais tarde, ela se orgulhou de mim mais uma vez. Segundo ela, eu a incentivei a fazer vestibular e cursar a faculdade. Depois eu mesmo, incentivado por ela, conclui o segundo grau e passei no vestibular. Ela virou professora de idiomas e eu, embora já professor de inglês, abandonei a universidade quando virei jornalista. Aliás, profissão que exerci por mais de 35 anos e como tal me aposentei.



            Como em toda família, tivemos nossos altos e baixos. Mas, a vida sempre nos sorrio. Ao lado de Pipiu Bahia ela teve dois filhos maravilhosos: Carlos Artur Rubiños Bahia Neto (Carlitinho) e Liége Mascarenhas Bahia. Meus irmãos. Nem tudo foi felicidade. Tivemos muitos momentos de tristeza, como por exemplo, a morte de Bá (Maria da Hora) que foi a babá de toda a família, e a morte de Luís Bahia, irmão de Pipiu, aos 46 anos. Com certeza, foram as dores mais marcantes de nossas vidas.

Tonheiro, o irmão caçula nos deixou antes do combinado. José Olympio já tinha partido. Com a morte de Pipiu, recentemente, ficamos só eu e ela. Só peço a Deus que me dê vida e saúde para lhe fazer companhia, mesmo à distância, para ajuda-la a preencher os seus e os meus dias.

 

“Bença, dinha Ada!”

3 comentários:

Liege Bahia disse...

Coisa mais linda esse artigo meu irmão NIGUIM. Obrigada por estar conosco sempre. Você significa muito para todos nós que amamos muito !!!! Sexta nos veremos no almoço !!! Te amo irmão ❤️. LIÈGE MASCARENHAS BAHIA

Anônimo disse...

Que lindo Cris sentimento de gratidão

JORNAL DAS PRAIAS disse...

Grande texto e sincera homenagem meu amigo de longas datas.