terça-feira, 12 de abril de 2011

Tiros em Columbine

Tiros em Columbine é um filme documentário realizado por Michael Moore em 2002, ganhador de um Oscar. Tomando o massacre do instituto Columbine como ponto de partida, Moore busca saber por que aconteceu o massacre e por que os Estados Unidos tem uma taxa de crimes violentos muito mais alta (em que só estão implicadas as armas de fogo) que outros países democráticos como Alemanha, França, Japão, Reino Unido e especialmente o Canadá.

Tentemos aqui entender porque aconteceu aquele massacre numa escola do Rio de Janeiro, semelhante ao massacre do Instituto Columbine.

Em Belo Horizonte, um estudante processou a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. O alegado “dano moral” do estudante foi ter que estudar. Uma professora foi brutalmente espancada por um aluno. Revoltado com suas notas baixas, um aluno cravou uma faca bem no coração de um professor.

Os pseudo-intelectuais de panfleto, psicopedagogos, burocratas e outros farsantes que romantizam a “revolta dos oprimidos” justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas, sem considerar a atual promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade, que foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

“Não reprove, que atrapalha”. “Não dê provas difíceis, pois temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. “Prova não prova nada”. “É o aluno que vai avaliar o professor. Afinal de contas, ele está pagando” “O bandido é vítima da sociedade”, “Mais importante que ter conhecimento é ser crítico” – Argumentam eles. Com a mercantilização desabrida do ensino, agora o discurso antidisciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno/cliente.

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”. Os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, hipocritamente exigem dos professores a aplicar provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”. E em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitem a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, frequentados por alunos igualmente sem condições de ali estarem.


Seus alunos se formam como analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”. Estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever.

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos/clientes será despejada na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

“Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu sou apenas uma vítima. E o opressor é você que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Some-se a tudo isso uma pitada de fanatismo religioso, e teremos um quadro bem claro de toda a conjuntura que está gerando estes assassinos.

É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

A maioria dos conceitos emitidos neste artigo é do professor universitário Igor Pantuzza Wildmann, Doutor em Direito.

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