
Nem antes nem depois disso ouviu o velho cantar. Porque cantar denota um estado de espírito,
em harmonia com as forças do universo.
Alguém pode até cantar se estiver
triste, mas, não será uma música alegre, e sim um lamento. Para o povo
sertanejo, chuva é sinônimo de fartura e de alegria. Quando não chove a criação
morre de sede, a colheita se perde e a fome bate à porta. Como então fazer
festa numa hora destas?
Contudo, o povo nordestino está acostumado a sofrer com
longas estiagens e hoje já sabe que não conta com a ajuda dos homens, apenas
com a graça Divina. O remédio então é esperar, lutar com o que tiver na mão
para sobreviver e esperar que passe o tempo das vacas magras. Aí quando os
relâmpagos voltarem a cortar os céus e a chuva encharcar a terra, estará
chegada a hora de plantar, colher, comer, beber e festejar, agradecendo aos
céus pela fartura.
Os festejos juninos são tradicionais, principalmente, no
Norte e Nordeste brasileiro, e hoje já até virou moda nas festas de outras
regiões do País. É uma manifestação popular tão fortemente enraizada na nossa
cultura, que mesmo diante de todo sofrimento, não abrimos mão de festejar Santo
Antônio, São João e São Pedro. Estamos atravessando um longo período de
estiagem e mesmo assim vamos realizar nossos festejos juninos. De uma forma
mais modesta, é claro, até porque não há dinheiro para gastar em festas, quando
a prioridade é a sobrevivência.
A política, como eu sempre digo, estraga tudo e também
estragou os festejos juninos.
Desvirtuou-se de tal forma esta cultura que a maioria das pessoas já não
vê sentido em coisas simples, como sempre foi uma festa junina. Na música, por
exemplo, mega bandas de músicas tomaram espaço dos tradicionais trios de forró
e transformaram a festa em shows milionários que, inclusive, servem para
alimentar a gorda conta bancária de prefeitos desonestos.
Não. Esta não é mais aquela festa simples e alegre que
animava as cidades do Nordeste brasileiro, onde as portas das casas eram
abertas e pessoas desconhecidas eram acolhidas, sem medo, no seio das famílias,
para festejar. Em alguns lugares, dizem, a fogueira ainda aquece os corações.
Mas, eu ouso dizer:
Não mudei meu São João, quem mudou foi a cidade!
OBS: Este texto foi escrito ha cinco anos, mas, parece que acabou de ser escrito.
OBS: Este texto foi escrito ha cinco anos, mas, parece que acabou de ser escrito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário