
A urgência se dava porque Janot já sabia que não teria seu
cobiçado terceiro mandato e havia o risco de Joesley cair na mão de
Moro, onde delações tem um preço muito mais caro, revelações mais
profundas e sem seletividade de denunciados. Para isto um procurador da
Lava-Jato mudou de lado e foi orientar a delação de encomenda mais
premiada do mundo. Criado o fato, Janot, com a alma solidária de Fachin,
liberou gravação sem perícia, vazou na medida do interesse para a Rede
Globo-convencida, sabe-se lá como, a se jogar de corpo e alma na
aventura-, tentando forçar a renúncia de Temer. No meio, inocentes, a
dupla da lei, deixou vazar o aúdio de um jornalista opositor com sua
fonte.
A operação quase deu certo e já se sabe que Temer chegou a
preparar o discurso de partida. Como resistiu, o mafioso voltou ao
Brasil para fazer um recall, um pós-venda de sua carissíma delação, com
sua parceira Época, e, com aquele ar de bom moço interiorano, com
apenas 245 crimes na biografia, bem intencionado, relatou que gravou o
número 1 ( Temer), e o número 2 ( Aécio), porque queria mostrar ao
Brasil que este era "tão corrupto quanto aquele" e que não bastava tirar
um e colocar o outro.
Apesar de ter sido parido por Lula, amamentado por Dilma,
nas tetas estatais, ter crescido seu faturamento de R$4 bilhões em 2005
para R$168 bilhões em 2016, ele disse que só tratou de corrupção com o
sacrificado Ministro Mantega, que mal conhecia o ex-presidente, e que
teve apenas conversas republicanas com Lula. Aliás, na sua delação ele
diz que emprestou uma conta para Mantega ocultar U$150 milhões de
dólares da dupla de ex-presidentes petistas, mas apesar disto nunca quis
mostrar ao Brasil que eles eram corruptos como os outros e nunca os
gravou. As suas denúncias contra o PT nunca são diretas. Sua alma de
justiçeiro apareceu só com Temer no poder, afinal, agora sim, ele
estava diante do " líder da mais perigosa quadrilha nacional". Ou,
talvez, tenha sido o rigor de Maria Silvia, no BNDES, o estimulante.
Joesley, o criador de lendas, só comparável ao grande
escritor La Fontaine, foi imediatamente desmentido por Eduardo Cunha
que relatou uma reunião entre ele, Lula e Joesley, para negociar o
impeachment de Dilma. Acredito que seja possível a todos imaginar o
nível de negociação romântica e ética desta reunião entre quadrilheiros.
Diz a regra que mentir na delação invalida o benefício, mas parece que a
regra não é clara, para todos. Certo Arnaldo?
E o Janot, hein? E o Janot? O Janot ficou com o perdão criminal ao La Fontaine da Friboi...
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