terça-feira, 20 de junho de 2017

O La Fontaine da Friboi

Após Temer ter derrubado Dilma, por suas pedaladas e "contabilidade criativa" que arrebentaram o país,  Joesley -"o notório bandido"- ficou sem a boca ilimitada e barata do  BNDES, que o salvou da quebradeira e o fez bilionário. Juntando o dinheiro, a vaidade jurídica, a afinidade ideológica que sempre perpassou a alma esquerdista de Janot-Fachin, eis que estava desenhado o cenário perfeito para acontecer a maior operação desmonte já vista por estas bandas, que permitisse, ao mesmo tempo, liquidar o presidente da " pinguela", imobilizar o principal líder da oposição e salvar o alvo oculto da operação: Lula. 
 
A urgência se dava porque Janot já sabia que não teria  seu cobiçado terceiro mandato e havia o risco de Joesley cair na mão de Moro, onde delações tem um preço muito mais caro, revelações mais profundas e sem seletividade de denunciados. Para isto um procurador da Lava-Jato mudou de lado e foi orientar a delação de encomenda mais premiada do mundo. Criado o fato, Janot, com a alma solidária de Fachin, liberou gravação sem perícia,  vazou na medida do interesse para a Rede Globo-convencida, sabe-se lá como, a se jogar de corpo e alma na aventura-, tentando forçar a renúncia de Temer. No meio, inocentes, a dupla da lei, deixou vazar o aúdio de um jornalista opositor com sua fonte. 
 
A operação quase deu certo e já se sabe que Temer chegou a preparar o discurso de partida. Como resistiu, o mafioso voltou ao Brasil para fazer um recall, um pós-venda de sua carissíma delação, com sua parceira Época,  e, com aquele ar de bom moço interiorano, com apenas 245 crimes na biografia, bem intencionado, relatou que gravou o número 1 ( Temer), e o número 2 ( Aécio), porque queria mostrar ao Brasil que este era "tão corrupto quanto aquele" e que não bastava tirar um e colocar o outro.
 
Apesar de ter sido parido por Lula, amamentado por Dilma, nas tetas estatais, ter crescido seu faturamento de R$4 bilhões em 2005 para R$168 bilhões em 2016, ele disse que só tratou de corrupção com o sacrificado Ministro Mantega, que mal conhecia o ex-presidente, e que teve apenas conversas republicanas com Lula. Aliás, na sua delação ele diz que emprestou uma conta para Mantega ocultar U$150 milhões de dólares da dupla de ex-presidentes petistas, mas apesar disto nunca quis mostrar ao Brasil que eles eram corruptos como os outros e nunca os gravou. As suas denúncias contra o PT nunca são diretas. Sua alma de justiçeiro apareceu só com Temer  no poder, afinal, agora sim, ele estava diante do " líder da mais perigosa quadrilha nacional".  Ou, talvez, tenha sido o rigor de Maria Silvia, no BNDES, o estimulante.
 
Joesley, o criador de lendas, só comparável ao grande escritor La Fontaine,  foi imediatamente desmentido por Eduardo Cunha que relatou uma reunião entre ele, Lula e Joesley, para negociar o impeachment de Dilma. Acredito que seja possível a todos imaginar o nível de negociação romântica e ética desta reunião entre quadrilheiros. Diz a regra que mentir na delação invalida o benefício, mas parece que a regra não é clara, para todos. Certo Arnaldo?
 
E o Janot, hein? E o Janot? O Janot ficou com o perdão criminal ao La Fontaine da Friboi...

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