quinta-feira, 1 de junho de 2017

Ser ou não ser um velho moço ou um moço velho



        
Eu estava com 41 anos quando nasceu nosso filho caçula, Leno. Nasceu fora da programação, 14 anos depois de Lia. Me bateu um sentimento de preocupação porque eu estaria com 59 anos quando ele chegasse aos 18 anos. Isso significava que eu estaria velho quando ele atravessasse a fase mais difícil da sua vida, entre a adolescência e a fase adulta. Como então eu poderia falar a mesma língua dele, ensinar meus conceitos de ética, moral, bons costumes, honestidade, sinceridade, respeito e humildade, num mundo que, eu percebia, afastava-se rapidamente destes conceitos? A resposta era manter minha mente aberta, jovem, falar e entender a linguagem da juventude, partilhando com eles vivências e experiências novas sem me afastar dos meus princípios. Tarefa árdua, mas que, graças a Deus, cumpri com êxito e meu filho assimilou bem os meus conceitos.

         Mas esse nariz de cera é pra falar dos tempos atuais no que concerne a, com 63 anos, conviver com um mundo cada vez mais distante do meu. Daquele mundo que eu cresci aprendendo a gostar. Tem sido duro pra mim entender e aturar certas coisas, sem abrir mão dos meus princípios. Isso nunca! Um problema grave que ocorre com a juventude hoje é a falta de respeito por si e pelos outros, coisa que não admito. E só Deus sabe como tenho conseguido contornar sérios problemas neste campo. Aos trancos e barrancos eu tenho conseguido tocar minha vida afastando-me de aglomerações, multidões, indo apenas a lugares onde encontro gente do meu tempo para compartilhar com os amigos as coisas que gostamos de ver, ouvir e fazer.

         Sempre que existem festejos populares eu ouço pessoas queixando-se das “atrações” contratadas para “animar” as festas. Não lhes tiro a razão. Mas, tenho que entender que o mundo é dos jovens, e os idosos precisam encontrar o seu lugar nele, buscando conciliar as expectativas de todos em nome de um bem comum. Porém, para gente como eu, que não gosta de barulho, conversas fúteis e leviandades, não há outro jeito senão abdicar de ir a certos eventos e lugares.  Agora estamos vivendo a época dos festejos juninos, as festas mais esperadas e adoradas por nós, nordestinos.

         Aí vejo gente reclamando porque não trouxeram este ou aquele artista. Ora, os organizadores contratam aqueles que estão fazendo sucesso entre a juventude. “Ah! Mas esse artista é de Carnaval, não é de São João” – Argumenta alguém. Nada disso, O artista tem de ir aonde o seu público está. Parafraseando Raul Seixas, eu digo que se você quer, ouvir Waldick no Carnaval ou Pablo no Natal, então vá. O problema é seu e não meu. De minha parte vou me reunir às pessoas com gostos afins e realizar nossos forrós pé de serra com os artistas que gostamos. Não tenho obrigação alguma de participar dos festejos oficiais. Somos idosos, mas não estamos mortos. Ainda gostamos de dançar, namorar, transar, beber licor, comer aqueles petiscos típicos nordestinos que mamãe fazia e ouvir Gonzagão, Marinês, Trio Nordestino, Genival Lacerda, entre outros.


         Não precisa ir longe. Se não puder por alguma razão ir para a zona rural, fugir do barulho da cidade, fazer a festa numa chácara ou fazenda, faz na cidade mesmo, em casa ou num local alugado. Reúne os amigos, divide as despesas. Inclusive o aluguel de um ônibus ou van, para ir e vir com segurança. Se puder dormir no local, melhor ainda. O que importa é o nosso conforto e felicidade. Temos o direito, pois trabalhamos muito para chegar até aqui e está na hora de gozar a vida de verdade, sem birras, mumunhas ou preconceitos. Abra sua mente e vá ser feliz.

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