domingo, 4 de junho de 2017

A NOSSA MORAL E A DELES



Nós queremos bandido na cadeia. Eles querem bandido na Presidência.
Se você votou no Aécio, deve hoje estar arrependido por um dia ter acreditado nele. Eu estou, confesso.
Se você votou em Dilma-Temer, há uma grande possibilidade de que tenha sofrido um arrependimento semelhante.
Entre seres humanos normais, não contaminados pelo vírus da ideologia esquerdista, é assim: você aprende com a experiência e tenta não repetir os mesmos erros no futuro.
A cabeça do militante porém, não funciona do mesmo modo.
A realidade para ele, é sempre algo que está a serviço da ideologia partidária. Não por acaso, a palavra " mentira" tem a mesma raíz da palavra "mente". O mentiroso existencial acha que o produto da sua mente é superior à própria realidade. A diferença entre a maioria das pessoas e a elite político- ideológica tem sido exposta com muita clareza nos últimos dias. O cidadão comum, ao notar que o político apoiado por ele na verdade era um pilantra, sente-se traído e deseja que o cara vá para o xilindró. O militante ideológico, quando descobre que o seu líder na verdade é um bandido, revolta-se contra a realidade. Quer punir o juíz, o policial, o jornalista, qualquer um que tenha descortinado a verdade, menos o criminoso. Pelo contrário: o militante quer que o bandido seja presidente! A pessoa normal aceita a realidade. O militante revolta-se contra ela. Isso tem um nome técnico: gnosticismo. Para os gnósticos modernos, carpideiras de bandidos, é perfeitamente normal ao mesmo tempo festejar a soltura de José Dirceu e defender a prisão de Sérgio Moro. Eles não se arrependem de nada, nunca. E, como não se arrependem, são incapazes de perdoar os erros alheios. Reconhecer os próprios erros e limitações é uma das qualidades que nos tornam humanos. Sem isso, a autoconsciência é substituída pelo autoengano. Assim é o mundo dos militantes: um mundo sem perdão, o campo do extermínio da personalidade humana.

Se você nunca se arrependeu de nada na vida, tenho más notícias: você não é um ser humano. O processo de arrependimento e perdão integra o núcleo da nossa alma. Do contrário, as pessoas se entredevorariam como serpentes e ratazanas. Não foi por outra razão que os grandes genocídios modernos- o comunismo e o nazismo- se fundamentaram na total impossibilidade do perdão.
Como ensinava o professor José Monir Nasser, em sua brilhante aula sobre o livro de Jó, a estratégia do do diabo é exigir a perfeição do ser humano, levando-o ao remorso.
Nunca tenha remorso na vida; tenha arrependimento. Se você fez alguma coisa que não deveria ter feito, diga assim: Puxa vida, sinto muito, deu errado, não vou fazer de novo! E acabou. Agora , passar o resto da vida sem É, esse é o jogo que o diabo quer que você faça.
Já fiz muitas coisas erradas nesta vida. votei no Lula, acreditei no Aécio, defendi o aborto, fui comunista, fui sindicalista, fui ateu. Usei esses erros todos para tentar melhorar. Não sei se consegui, mas de uma coisa tenho certeza: Jamais terei bandidos de estimação só para confirmar minhas pobres idéias.


Artigo de Paulo Briguet, na Folha de Londrina



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