sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cantando de galo



                Nos grandes centros urbanos há sempre muitas opções de diversão. Na nossa sociedade capitalista um “shopping center” é a maior expressão dessa sociedade consumista, oferecendo grande diversidade de produtos e opções de lazer para seus frequentadores. Cinemas, boliches, salas de jogos, bares, lanchonetes, restaurantes, são algumas dessas opções.

         Nas pequenas comunidades, entretanto, onde convivem pessoas que levam a vida simples do campo, não há muitas opções de lazer. Geralmente divertem-se em cavalgadas, vaquejadas, jogos de futebol, pescarias, entre outras coisas. Alguns hábitos herdados dos seus avos, são vistos hoje em dia com maus olhos pelas pessoas dos grandes centros, que se dizem “civilizadas”. Entre estes hábitos estão a caça, briga de galo, briga de canário e até briga de animais de maior porte como cães e até bois.  Afora o fato da barbaridade e da violência entre os animais, não há como mudar a força de lei o curso dessa história. Estes hábitos desaparecerão paulatinamente, à medida que as comunidades crescem e as pessoas adquirem novos hábitos de lazer.

         Só com educação caseira e acadêmica uma sociedade poderá abolir hábitos selvagens, herdados de tempos bárbaros.  Não é proibir perseguindo, prendendo ou matando os infratores de lei que objetiva “proteger” os animais, que se vai erradicar esses costumes. Até porque não se oferece outra opção de lazer para substituir aquelas outras.

         Por isso, fiquei abismado ao assistir cenas de uma reportagem de um telejornal, onde a força policial de uma cidade do interior de São Paulo “estourou” uma rinha de galo de briga, prendendo seus frequentadores. Foi grotesco ver policiais fortemente armados perseguindo pessoas que fugiram da rinha pelo meio do mato, ameaçando atirar se não parassem. No final, os presos foram ouvidos, depois liberados, e os galos apreendidos.

         Naquele momento eu me lembrei do ocorrido recentemente no Maranhão, onde bandidos atearam fogo em ônibus, com os passageiros dentro. Foram mais cruéis ainda. Uma mãe tomou a frente das filhas menores implorando pela vida delas, e os assassinos não tiveram piedade. Jogaram combustível nas meninas e atearam fogo. Eu pergunto: Quem é mais cruel e feroz? Aqueles que se divertiam assistindo brigas de galo ou os bandidos do Maranhão?

         Não estou defendendo a crueldade praticada contra os animais. Aliás, crueldade esta questionável, uma vez que na natureza os machos alfa dos grupamentos de animais de todas as espécies lutam, muitas vezes até a morte, para defender seus territórios e a supremacia entre o grupo. Ou seja: é da natureza dos animais lutarem entre si pelo poder. E nisso eles em nada diferem de nós, que nos “divertimos” matando uns aos outros.

         Num país onde autoridades “desfilam” seu analfabetismo e ignorância diante de câmeras e microfones, e afirmam com orgulho que ler é um habito chato e que não precisaram de escola para chegar ao poder, eu não vejo como eliminar a violência e a brutalidade no seio das comunidades. Isso não vai mudar enquanto não se investir de forma séria e responsável em educação. Até que isso aconteça estamos fadados a ver rotineiramente o banditismo dominando os grandes centros, enquanto as forças policiais perseguem “perigosos” Galistas pelos campos e pequenas comunidades.


Lembrete: Quero lembrar aos protetores dos animais, que existem ainda muitos animaizinhos nos cruéis laboratórios de pesquisas que torturam além de simpáticos cãezinhos, cobras, escorpiões, aranhas caranguejeiras, que igualmente precisam ser salvos.

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