
Essa
expressão é muito usada por pessoas que não aprovam o modo de viver de outras.
Ouve-se muito isso quando se comenta sobre alguém que faleceu. Nestes casos a
expressão vem acompanhada de uma referência positiva. Ou seja: “era uma ótima
pessoa”, completada a frase com a expressão só fez mal a ele mesmo. Eu mesmo já
repeti essa besteira muitas vezes, até que compreendi que cada ser é único e
livre para viver do modo que bem entender.
De modo geral essa frase é aplicada em referência
a alguém que levou o que se costuma chamar de “vida desregrada”. Com isso se
quer dizer que aquela pessoa não viveu em conformidade com os parâmetros
ditados pela comunidade em que vive. Geralmente se aplica muito isso a pessoas
que farreavam demais, bebiam demais ou usavam outras drogas, mesmo que estas
não fossem ruins para com os seus semelhantes.
Mas, não existe nada pior do que alguém
que, por alguma razão, mudou seus hábitos e passa o tempo tentando convencer as
demais pessoas a seguirem o seu exemplo. Estas agem por um impulso de bondade,
entendendo que dessa forma poderá “salvar” algumas almas perdidas. Contudo,
agindo assim passam a ser vistas como pessoas chatas, maçantes, e as demais
pessoas procuram evitar a companhia delas. Também, há aqueles que usam a
expressão “só fez mal a ele mesmo” de forma puramente maldosa, numa forma
indireta de fazer com que as demais pessoas entendam que era uma pessoa ruim.
Era um “beberrão”, “um drogado”, “um vagabundo”, “irresponsável” ... É, na
verdade, o que querem dizer.
Eu convivi com muitas pessoas que
fizeram uso de álcool, fumo e outras drogas, e que, no entanto, não se deixaram
dominar pelo vício e em sociedade eram pessoas equilibradas, responsáveis e
acima de tudo de bem com a vida. O mal está quando se faz uso indiscriminado de
drogas que alteram o comportamento normal e não conseguem controlar os seus
vícios, tornando-se assim nocivos para as demais pessoas e para si mesmos.
Aliás, eu costumo dizer que a maconha não torna ninguém uma pessoa agressiva,
maldosa, predisposta ao crime. E conheço muitos que usaram ou ainda a usam e
continuam produtivas, vivendo bem com suas famílias e em sociedade.
Sempre defendi a liberação e descriminalização
da maconha como uma forma de combate ao uso descontrolado da mesma e a extinção
do tráfico, por entender que legalizando a produção e uso haveria mais controle
dos usuários e acabaria o comercio dos traficantes. Alguns países da Europa já
fizeram isso há décadas e recentemente o presidente do Uruguai tomou essa
medida, causando controvérsia nos países vizinhos. O tempo dirá se ele está
certo ou não.
Quanto às pessoas que julgam os seus
semelhantes pelo seu comportamento, é bom lembrar que temos livre arbítrio para
decidir sobre o que é melhor para nós mesmos. Não podemos afirmar que o
comportamento dos nossos semelhantes seja bom ou ruim a julgar pelos parâmetros
que traçamos para nós.
Tudo mais não passa de hipocrisia e
maledicência.
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