sexta-feira, 4 de abril de 2014

A polêmica do IPTU



         De antemão devo dizer que não sou tributarista, não entendo bulhufas para comentar tecnicamente o assunto. Por isso mesmo esperei bastante para emitir a minha opinião de leigo, direito que me é dado enquanto cidadão e jornalista. Para tanto, devo usar do bom senso, tomando como base todos os comentários, contrários e favoráveis, que ouvi de técnicos e leigos, sobre o aumento na cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em Feira de Santana, ocorrido este ano. Para quem paga, ilegal e escorchante. Para quem cobra, legal e necessário.
         Voltemos ao ano de 2002, segundo ano do primeiro mandato de José Ronaldo como prefeito, quando ele promoveu um reajuste no IPTU. Foi uma chiadeira geral, mas no final todos reconheceram que havia defasagem e distorções na cobrança do imposto, inclusive com grandes imóveis localizados em áreas nobres da cidade, pagando menos imposto que pequenos imóveis localizados na periferia.
         Lá se vão 12 anos e o IPTU nunca mais foi reajustado, e é aí que a porca torce o rabo. O prefeito quer tirar a diferença de uma vez. O povo tem razão em reclamar, porque não tem culpa se os anos se passaram sem que se atualizasse a, chamemos assim, classificação dos imóveis. Creio que a Prefeitura, em plena era da informática, tem recursos tecnológicos para fazer isso e informar aos proprietários da valorização dos seus imóveis e do novo valor do IPTU a ser pago.
         Há ainda os casos de pessoas humildes cujos imóveis sofreram repentina supervalorização. Coitadas. Pagavam algumas dezenas de Reais por ano e, de repente, são obrigadas a pagar alguns milhares. Os valores superam em muitas vezes o orçamento total das suas famílias. Como pagar? E é aí que eu digo que a lei precisa ser revista. Não em nível municipal ou estadual, mas, nacional.
         Segundo a lei vigente, o que determina o valor do IPTU a ser pago é o valor venal do imóvel, que aumenta à medida em que investimentos em infraestrutura são feitos na área onde ele está localizado, ou então, quando investimentos são feitos no próprio imóvel. No primeiro caso os investimentos são feitos pelo poder público, com o dinheiro arrecadado junto aos contribuintes. No segundo caso, os investimentos são feitos pelo proprietário para valorizar o seu patrimônio. Essa distinção não deveria ser observada na hora da cobrança do imposto?
         Esse seria só um dos aspectos a serem observados, caso a lei fosse revista, o que, infelizmente, não creio que irá acontecer. Se pedissem a minha opinião, o que também não acontecerá, diria que o primeiro item a ser observado na hora da cobrança do IPTU em imóveis residenciais seria a renda familiar dos moradores.
         Há pessoas que acreditam que o prefeito vai utilizar o aumento do IPTU para fazer política, trocando individualmente votos por redução ou isenção do tributo. Como se diz, um julgador por si julga os outros. De minha parte creio que vai acontecer o que aconteceu em 2002. Os recursos arrecadados serão investidos em obras e ações necessárias e desejadas pela população. E apesar dos esforços dos deputados “Beicinho” e “Biquinho”, José Ronaldo volta nos braços do povo em 2016.

Nenhum comentário: