Você que é homem, não fuma, tem boa
forma física e idade entre 20 e 45 anos, está apto a pleitear uma vaga no
trabalho mais tranquilo do mundo. Para ganhar o montante de 16 mil euros (uma
quantia próxima a R$ 52 mil), tudo o que você precisa fazer é permanecer
deitado em uma cama pelos próximos dois meses. Nada mal, não? Mas, calma. A
proposta tem intuitos bem mais nobres do que regulamentar a carreira de
preguiçoso profissional. E ela parece menos tranquila se encarada como uma
contribuição ao programa espacial francês – e à ciência, por que não?
O experimento Cocktail,
conduzido pelo Instituto de Medicina Espacial e Fisiologia da França, é uma
tentativa de recriar as condições de vida dos tripulantes de missões espaciais.
Na impossibilidade de deletar do mundo a força que nos impede de flutuar por
aí, a solução mais próxima foi encontrar voluntários para ficar imóveis, presos
a uma maca ligeiramente inclinada a – 6º por 60 dias. Permanecer nessa posição
por longos períodos equivale a passar uns bons dias no espaço: os impactos
provocados pela dieta restrita e pela vida na horizontal são interpretados da
mesma forma por nosso corpo, pelo menos.
Abandonar a órbita da Terra implica
deixar para trás também a mecânica com a qual nossos corpos estão acostumados.
Ficar meses ou mesmo semanas enclausurados em uma estação espacial pode nos
render mais que uma bela vista. Sintomas como perda de massa muscular,
diminuição da densidade óssea e menor resposta imune também vêm no pacote – e
precisam ter seus efeitos minimizados se quisermos nos aventurar por longos
períodos no espaço.
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