O que têm em
comum o juiz federal Sergio Moro, a ex-presidente Dilma Rousseff, o ator Wagner
Moura, o bilionário Jorge Paulo Lemann, o filósofo Olavo de Carvalho, o
vereador Eduardo Suplicy, a líder da Rede, Marina Silva, e os ministros do
Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso?
Fora o fato
de que todos deverão participar, no próximo final de semana, da principal
conferência sobre o Brasil nos Estados Unidos, bem pouco. E é justamente por
isso que eles estarão por lá.
"No Brasil,
a direita e a esquerda simplesmente não conversam", disse à BBC Brasil o
pesquisador David Pares, um dos presidentes da Brazil Conference, realizada
pela Universidade de Harvard e pelo MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts).
"As pessoas só compartilham o que já
acreditam. Entendemos isso como falta de diálogo entre ideais diferentes e esse
é o maior problema da polarização. A ideia da conferência é ajudar as pessoas a
desmistificarem o polo oposto", afirmou.
Pares se
refere à noção de "pós-verdade", termo que virou febre nos Estados
Unidos no ano passado, sobretudo durante a eleição que elegeu Donald Trump.
Pares explica: "Não acontece só no Brasil.
Aqui houve uma surpresa enorme com a eleição de Trump. Os progressistas
simplesmente não entendiam por que ele ganhou. Na pós-verdade, as pessoas
ignoram coisas que são contraditórias ao pensamento delas e só procuram aquilo
que alimenta suas convicções."
Uma das falas de abertura da conferência será do
diplomata Dan Shapiro, embaixador dos Estados Unidos em Israel no governo
Barack Obama e professor em Harvard. O tema é oportuno: "Como criar pontes
entre pessoas com diferentes perspectivas?".
Dilma+Moro
Mais de cem
palestrantes e moderadores deverão circular pelos corredores de Harvard e do
MIT nesta sexta-feira e no sábado.
A conferência
é organizada por estudantes das duas universidades e tem patrocinadores
poderosos, como a Fundação Lemann e o banco BTG Pactual. Dilma e Moro se
apresentarão separadamente. "Mas eles não foram convidados para fazer
discursos. Serão entrevistados ao vivo e em público", afirmou Pares.
Ainda não é
possível prever, entretanto, o tom das entrevistas. A ex-presidente será
entrevistada por Frances Hagopian, professora de estudos sobre Brasil do
departamento de Governo de Harvard. A docente já disse que o impeachment
"não foi golpe porque obedeceu preceitos constitucionais", mas que
"remover presidentes só porque são impopulares não abre um bom
precedente".
Moro
conversará com outro juiz federal, o também brasileiro Erick Navarro. Em março
do ano passado, quando Moro foi criticado por divulgar gravações telefônicas
entre Dilma e o ex-presidente Lula, Navarro foi um dos 280 magistrados a
assinarem uma carta de apoio ao juiz.
"Construímos
a estrutura da conferência para realmente não ter atritos. Não queremos que as
pessoas 'se batam' durante as conversas. Isso não irá agregar nada",
justificou o presidente da conferência. "A ideia é pensar em como
transformar o país na prática, não importa se você é de direita ou
esquerda." Click no link e leia mais no BBCBrasil
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